Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Ignatti, Carmencita [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/63657
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Resumo: |
Os fenômenos de dor e sofrimento são desafiadores para pessoas, profissionais e serviços de saúde. Na busca de entender significados da relação entre sofrimento e dor, foram destacadas as causas que transcendem as dimensões biológicas e psicossomáticas, envolvendo fatores culturais subjacentes. A pesquisa etnográfica teve como objetivo geral investigar os significados de sofrimento e dor, na visão de profissionais e pessoas em tratamento por dois tipos de Medicinas Alternativas e Complementares (MAC)/Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS): o Toque Terapêutico e a Auriculoterapia. Os objetivos específicos foram compreender as percepções das pessoas em tratamento com o Toque Terapêutico ou Auriculoterapia sobre dor e sofrimento e identificar a atuação dos profissionais nesse modo de cuidado. Ao privilegiar a abordagem etnográfica, a pesquisa baseou-se na perspectiva hermenêutica de Geertz, centrando-se na observação mais aproximada e aprofundada, que permitisse um mergulho no universo pesquisado, visando à compreensão da intensidade que o sofrimento representa, bem como seu alcance nos aspectos pessoal, familiar e social. A pesquisa ocorreu no Centro Thermal da Lama Negra de Peruibe ou Lamario, designado como unidade de referência para atendimento com as PICS, após a implantação da Política Municipal de Práticas Integrativas (Lei 3587/2018). Os usuários foram atendidos por voluntários do Movimento de Educação Popular em Saúde (MOPS). Os profissionais da Auriculoterapia observados foram um médico e uma terapeuta holística e do Toque Terapêutico uma terapeuta holística. Foram selecionados doze usuários assim distribuídos: para Auriculoterapia com a terapeuta holística, seis iniciaram e três completaram o ciclo de sessões; para Auriculoterapia com médico, cinco mulheres completaram todas as sessões e para o Toque Terapêutico com a terapeuta holística, duas mulheres completaram os ciclos, sendo que uma usuária foi atendida com as duas práticas. As narrativas referiram reclamações semelhantes de dores rebeldes, limitantes, caminhantes, causadoras de transtornos emocionais, relacionais e sociais; histórico de infância pobre, difícil, com dificuldades no relacionamento familiar, incluindo abandono, perdas, violência física e moral e ainda sofrimentos físicos e psíquicos ao lidar com as limitações impostas em sua rotina; desgastes com a sucessão de consultas e medicações sem obtenção da cura esperada; ônus financeiro e efeitos indesejáveis que resultaram em agravamento de sua condição. Os profissionais se mostraram sensibilizados, estabelecendo conexões com os usuários, ultrapassando o distanciamento profissional, relacionando-se em horizontalidade, afetividade, atenção e interesse em apresentar opções de alívio, para além da terapêutica. Os resultados decorreram de um conjunto de ações agregadas à prática em si e que compreenderam o modo como as pessoas foram recepcionadas, escutadas, tratadas, orientadas e consideradas em sua inteireza e humanidade. Evidenciou-se a importância do modo de cuidado que favoreceu a interação entre usuários e profissionais estabelecendo uma relação afetiva baseada no acolhimento e na escuta, proporcionado um vínculo de confiança fundamental ao sucesso do tratamento e abrindo a possibilidade de resgatar a identidade social perdida, reintegrando essas pessoas à malha social da qual estavam apartadas. |