A festa e a santa: ritual religioso e festivo no município de Aurilândia, Goiás

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rodrigues, Fernando da Rocha lattes
Orientador(a): Lerrer, Débora Franco lattes
Banca de defesa: Lerrer, Debora Franco, Delgado, Nelson Giordano, Furtado, Rita Marcia Magalhães, Pessoa, Jadir de Morais, Moreira, Alberto da Silva
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9571
Resumo: O presente estudo tem como objetivo principal investigar como a Festa em Louvor a Santa Luzia, realizada anualmente no município de Aurilândia, pequena cidade do interior de Goiás, demonstra os modelos de vida e organização social dessa comunidade, na medida em que, ao observar a maneira pela qual a religiosidade norteia as práticas sociais, a referida festa evoca a história do lugar, aciona a memória coletiva e promove uma sensação de abundância diante da escassez, colocando pessoas, coisas, narrativas e os mais diversos aspectos vivenciais em movimento. Para atingir o objetivo proposto, realizamos uma pesquisa de campo, utilizando a edição de 2018 da Festa de Santa Luzia como corpus. No decorrer de sua realização, observamos que a história da Festa da Santa e a história do lugar se entrelaçam, formando uma celebração tradicional do município de Aurilândia. A Festa e a Santa assumem papéis importantes no imaginário da comunidade, na medida em que, a partir dela, é possível formular uma interpretação acerca das relações comunitárias de solidariedade, união, bem como as tensões e assimetrias que ela coloca em evidência. Durante a Festa de Santa Luzia, em 2018, observamos que ela se configura como um mecanismo de memória, na qual a fartura, anteriormente vivenciada no período de mineração de ouro e de diamante, reveste-se de sentido simbólico contra a escassez de recursos, pessoas, coisas e mobilidade. Ao mesmo tempo, a Festa modifica a fisionomia do local para além do significado simbólico, pois também consiste em um dispositivo de recreação, diversão, reencontros, reativação do aspecto econômico, entre outros. Em suma, o culto à Santa Luzia, em Aurilândia, desdobra-se num culto à comunidade, no qual os valores circunscritos no ethos social, desencadeados pela memória coletiva no ambiente religioso, são transformados em elementos de luta coletiva contra a escassez e, por sua vez, contra o esquecimento. Dito de outra forma, a Festa de Santa Luzia se transfigura numa representação social da comunidade de Aurilãndia acionando uma política pró-vida,, que movimenta uma cidade pulsante e farta como estabelecimento de uma produção de sentido no “ser”. Tal mecanismo atravessa o passado e o recoloca no presente, produz um deslocamento temporal, introduzindo o passado no presente e o presente estruturado a partir do horizonte da memória. Aurilãndia traduz, durante a Festa, as narrativas históricas dentro do ambiente sagrado, sacraliza os eventos e os torna carregados de sentido ao acionar as bases fundamentais em que tal comunidade foi constituída.