Papel dos receptores 5-HT1A no equilíbrio hidroeletrolítico, respostas neuroendócrinas e avaliação comportamental em ratas ovariectomizadas: influência do estrógeno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Fonseca, Fabricia Viana lattes
Orientador(a): Reis, Luis Carlos lattes
Banca de defesa: Rodrigues, José Antunes, Passos Júnior, Daniel Badauê, Ferreira, Andrea Claudia Freitas, Olivares, Emerson Lopes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10300
Resumo: A atividade serotoninérgica ascendente a partir do núcleo dorsal da rafe (NDR) é modulada pela sinalização dos receptores 5-HT1A que resulta em alteração da freqüência de disparo dos potenciais de ação dos neurônios serotoninérgicos. Observações recentes do nosso laboratório utilizando o 8-OH-DPAT, um agonista de receptores serotoninérgicos 5-HT1A, demonstraram que a sua administração periférica ou intra-NDR incrementa a ingestão de salina hipertônica em condições basais ou após a depleção corporal de sódio em ratos machos. Dessa forma, examinamos neste trabalho o comportamento ingestivo e a homeostase hidroeletrolítica em condição basal e após depleção de sódio em ratas ovariectomizadas (OVX). As observações foram comparadas com aquelas obtidas em grupos de ratas OVX tratadas cronicamente com estrógeno (E2) associada ao tratamento com 8-OH-DPAT. Numa etapa final investigamos uma possível correlação entre o “status” funcional serotonérgico e a reposição com E2 nas concentrações plasmáticos de angiotensina I (ANG I), angiotensina II (ANGII), ocitocina (OT) vasopressina (AVP), peptídeo natriurético atrial (ANP) e corticosterona (CORT). Além disso, estudamos a expressão do RNAm para 5-HT1A, descarboxilase do ácido glutâmico (GAD) e expressão do RNAm e quantificação proteica de triptofano hidroxilase (TPH2), no NDR de grupos de ratas (i) OVX (sem reposição estrogênica) (ii) OVX-E2 (com reposição estrogênica) e cronicamente tratadas com o agonista 5-HT1A, 8-OH-DPAT, em condições basais e após depleção de sódio. Por fim, avaliamos o comportamento de ansiedade pelo teste de labirinto em cruz elevado (LEC) e atividade exploratória através do campo aberto (CA) nos grupos apresentados anteriormente em condição basal. De acordo com os nossos resultados de avaliação diária, observamos uma possível relação entre a terapia estrogênica e o sistema serotoninérgico, no que diz respeito à inibição do comportamento de ingestão e excreção renal de sódio, ingestão de água e alimento, dado este que resultou em perda de peso. Já no experimento que submetemos os animais ao desafio homeostático (depleção de sódio), verificamos que os parâmetros hidroeletrolíticos (comportamento ingestivo, excreção renal de sódio, sódio e/ou proteína e osmolalidade plasmática e hematócrito) são alterados pela depleção de sódio. Porém, possivelmente através de mecanismos centrais e periféricos, o E2 e o sistema serotoninérgico parecem mediar respostas ao nível de diminuição da excreção renal de sódio e inibição do apetite específico a este íon, uma vez que essa atenuação é observada principalmente quando os animais são submetidos a depleção de sódio. Adicionalmente, evidenciamos que a alterações na resposta endócrina observada neste estudo pode ser mediada tanto pelo tratamento com E2 quanto pelo tratamento com 8-OH-DPAT e ainda pela condição de desafio experimental. A geração de ANGI e ANGII parece evolver mecanismo diferente que depende da condição do animal, ou seja, o tratamento com 8-OH-DPAT associado ao E2 em condição basal aumenta a concentração plasmática de ANGI e o E2 parece atenuar essa liberação em condição de depleção de sódio. A liberação de OT e CORT em condição basal parece ser potencializada pela associação dos dois tratamentos: o E2 tanto em condição basal e de depleção parece aumentar a liberação de ambos. Em relação à CORT na condição de depleção o E2 parece atenuar em parte o efeito estressor da hiponatremia; por sua vez, o tratamento com 8-OH-DPAT parece ser crítico em potencializar a secreção de AVP e ANP em condição de depleção. Por sua vez, a modulação central do sistema serotoninérgico (NDR) parece viii recrutar mecanismos moleculares diferentes com relação à condição homeostática do animal. Uma vez que verificamos uma diminuição da expressão do receptor 5-HT1A mediada predominantemente pelo tratamento crônico com 8-OH-DPAT, e em relação à diminuição de TPH2 tal efeito foi mediado pelo tratamento com E2 em condição basal. Já em condição de depleção o E2 parece ser crítico na diminuição da expressão de 5-HT1A. Nesse sentido, verificamos um efeito semelhante ao ansiogênico do E2 que possivelmente está relacionado com essas alterações moleculares em condição basal. Porém a associação do E2 ao 8-OH-DPAT reverteu em parte esse efeito. Considerando-se essas observações, estes resultados reforçam uma possível ligação entre o déficit estrogênico e a maior incidência de enfermidades como depressão e hipertensão arterial. Como o sistema serotoninérgico relaciona-se intimamente a tais doenças são necessários mais estudos para verificar o tipo de terapia farmacológica que pode ser associado para o tratamento de ambas as enfermidades.