Variações nas assembléias de peixes de um reservatório tropical ao longo do ciclo nictimeral em ambientes providos ou não com abrigos artificiais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Uehara, Wagner lattes
Orientador(a): Araújo, Francisco Gerson
Banca de defesa: Araújo, Francisco Gerson, Santos, Gilmar Bastos, Pinto, Benjamin Carvalho Teixeira, Albieri, Rafael Jardim
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10830
Resumo: O reservatório de Lajes foi construído há pouco mais de um século sendo um reservatório “tipo-lago” com aproximadamente 30 km2 de área, localizado na encosta da Serra do Mar, e formado a partir da contribuição de pequenos riachos, com ausência de grandes rotas migratórias para os peixes e com defluência total de 20 m3/seg através das turbinas da usina hidrelétrica. Neste sistema relativamente fechado, avaliaram-se as mudanças nas assembleias de peixes ao longo do ciclo nictimeral (anoitecer, noite, amanhecer e dia) em duas áreas com diferentes níveis de estruturação física (presença ou não de abrigos artificias). Hipotetizamos que a comunidade de peixes apresentaria maior riqueza e abundância nas áreas com a presença de abrigos, e que as variações nictimerais determinariam a estrutura da comunidade neste reservatório “tipo-lago”. As amostragens foram realizadas mensalmente entre Setembro de 2005 e Agosto de 2006, com redes de espera (30 m de comprimento × 2.5 de altura; malhas de 1,5-7 cm entre nós adjacentes). Um total de 192 amostras (450 m2 de redes/amostra) foi obtido, capturando 1934 indivíduos (1230 na área com abrigos e 704 na área sem abrigos). A estrutura da comunidade não diferiu entre as áreas, embora tenha se verificado maior numero de peixes na área com abrigos. Metynnis maculatus, um characiforme não nativo, foi a espécie mais abundante, correspondendo a aproximadamente 25% do número total de peixes capturados. Considerando cada área separadamente, a área com abrigos apresentou maior contribuição numérica de M. maculatus (P < 0.05), embora outras espécies tenham também sido mais abundantes nesta área, mas as diferenças entre as áreas não foram significativas (P > 0,05) (e.g. Astyanax parahybae, Astyanax bimaculatus e Loricariichthys castaneus). Loricariichtys castaneus foi a espécie de maior abundância numérica e em biomassa na área sem abrigos. Diferenças na estrutura das assembleias de peixes ao longo do ciclo nictimeral foram detectadas tanto na área com abrigos como na área sem abrigos, com o período do dia sendo diferenciado dos demais períodos. A abundância numérica, número de espécies, riqueza de Margalef e diversidade de Shannon foram maiores durante a noite e menores durante o dia em ambas as áreas. Astyanax parahybae foi a espécie de maior contribuição para a similaridade média no período da noite enquanto Geophagus brasiliensis foi a espécie característica do período do dia, em ambas as áreas. Já Cichla kelberi se caracterizou como a espécie de preferências pelos períodos anoitecer e amanhecer. Variações sazonais nas condições ambientais, embora não muito relevantes para a estruturação da ictiofauna, apresentaram uma separação entre a primavera-verão, coincidindo com maiores pluviosidades, e o outono-inverno, coincidindo com menores pluviosidades. Metynnis maculatus e G. brasiliensis foram espécies características do período Primavera-Verão. Astyanax paraybae (na área com abrigos) e C. kelberi (na área sem abrigos) foram características do Outono-Inverno, de acordo com SIMPER. Além da pluviosidade, também a cota (nível da represa) foram fatores mais importantes na estruturação da comunidade de peixes do que as variáveis ambientais de temperatura, oxigênio dissolvido, pH e condutividade, embora as respostas de cada espécie sejam específicas para as diferentes variáveis ambientais. A hipótese de maior abundância na área com abrigos foi aceita, embora a riqueza e a estrutura das assembléias não tenham diferido entre as áreas. Também foi aceita a hipótese de que variações nictimerais são importantes na estruturação da assembleia de peixes, sendo boas preditoras da abundancia e da riqueza de espécies neste reservatório “tipo-lago”.