Agricultura urbana como ambiente de conservação da biodiversidade da fauna edáfica na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pires, Maria Joao Ferreira Carneiro dos Santos lattes
Orientador(a): Correia, Maria Elizabeth Fernandes lattes
Banca de defesa: Correia, Maria Elizabeth Fernandes lattes, Pereira, Marcos Gervasio lattes, Moraes, Luiz Fernando Duarte de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Agronomia - Ciência do Solo
Departamento: Instituto de Agronomia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/20793
Resumo: A prática da agricultura urbana e periurbana se mostra uma alternativa importante para a segurança alimentar e a geração de renda para comunidades em risco social. No entanto, para além dessa perspectiva, a agricultura urbana é uma tradição na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, cujas atividades agrícolas, em vários ciclos, remontam ao século XVIII. Atualmente, as áreas de agricultura urbana agroecológica podem ser vistas também como importantes remanescentes de biodiversidade e provedoras de serviços ecossistêmicos para as áreas mais urbanizadas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade de áreas de agricultura urbana agroecológica de serem capazes de promover a conservação da biodiversidade da fauna de solo. Além disso, objetivou-se também avaliar que atributos do solo e feições da paisagem mais interferem na ocorrência e densidade da fauna do solo. Para isso, foram selecionadas 15 áreas de agricultura urbana nos bairros de Campo Grande e Vargem Grande, na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, com plantio de hortaliças, cultivos mistos anuais, cultivo de banana e caqui predominantemente sob sistema agroflorestal. Em cada área foi estabelecido um transecto com três pontos de amostragem distantes entre si cinco metros, em que a mesofauna de solo foi amostrada com um trado específico, em que foi coletada a serrapilheira e o solo até 10 cm; as minhocas foram amostradas pelo método TSBF na profundidade de 0-10 cm e o solo foi amostrado na mesma profundidade para análise de rotina de fertilidade e textura do solo. Os dados foram analisados por uma sequência de técnicas multivariadas, utilizando-se primeiro a análise de componentes principais (ACP) para seleção de atributos do solo, representando a escala local de influência e percentuais de feições da paisagem: estrato arbóreo, área urbanizada, cobertura por gramíneas, cultivo de banana, demais cultivos e solo exposto. As mensurações dos percentuais das feições da paisagem foram realizadas utilizando-se dois buffers ao redor da área amostrada, de 500 m e 250 m. Para a seleção dos grupos da fauna com maior representatividade e grau de resposta aos fatores ambientais foi realizada uma análise de escalonamento multidimensional (NMDS). A determinação de fatores ambientais da escala local e das escalas de 500 m e 250 m foi realizada pela análise de modelos lineares generalizados (GLM), através da qual foi possível selecionar modelos compostos por variáveis determinantes da ocorrência e densidade dos diferentes grupos da fauna de solo selecionados. Os grupos mais abundantes foram Acari, Collembola, Entomobryomorpha e Formicidae. Nas áreas de cultivos, Acari foi o grupo dominante, enquanto na Mata de referência Entomobryomorpha foi o grupo mais abundante. Na escala local, o pH foi o atributo que mais recorrentemente compôs os modelos, frequentemente com sinal negativo, evidenciando uma relação inversa entre o valor de pH e a densidade do grupo da fauna. Este resultado sugere o pH como um bom indicador para correlações com a mesofauna do solo e também com minhocas. A escala de avaliação com buffer de 500 m não apresentou modelos que pudessem explicar claramente a influência das feições da paisagem sobre a fauna de solo. Os modelos selecionados para a escala de 250 m, por sua vez, foram capazes de selecionar grupos com maior afinidade por cultivos e áreas muito antropizadas. Como conclusão deste trabalho observou-se que as áreas de agricultura urbana agroecológica são capazes de manter uma comunidade de fauna de solo abundante e diversa, porém com estrutura diferente da encontrada na área de mata nativa utilizada como referência.