Uso do espaço pela Lagartixa-de-Areia Liolaemus lutzae Mertens, 1938 (Liolaemidae), introduzida experimentalmente na Praia das Neves, Espírito Santo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Marques, Karina Isabel de Souza lattes
Orientador(a): Araújo, Alexandre Fernandes Bamberg de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10888
Resumo: O lagarto liolaemídeo Liolaemus lutzae é endêmico do Estado do Rio de Janeiro, restrito às restingas entre a Marambaia e Cabo Frio e inserido na lista vermelha de animais ameaçados como criticamente em perigo. Em 1986, 51 indivíduos da população da praia da Restinga de Barra de Maricá foram translocados para o mesmo hábitat na Restinga de Praia das Neves, no Estado do Espírito Santo. Para testar a hipótese de conservadorismo de nicho de L. lutzae, estudei o seu uso do espaço e o relacionamento com vizinhos de nicho. O conhecimento sobre o impacto de espécies introduzidas na natureza também foi ampliado, mostrando como L. lutzae utiliza os recursos oferecidos na praia da Restinga de Praia das Neves. O trabalho foi realizado entre Junho de 2007 e Novembro de 2008. Os indivíduos encontrados foram geoposicionados e os dados de uso de categorias de micro-hábitat no momento da observação anotados, para que fosse possível medir o nicho espacial e comparar preferências por categorias. Os potenciais predadores da lagartixa-de-areia também foram registrados. Durante os 17 meses de coleta de dados na restinga de Praia das Neves, capturei e marquei 81 indivíduos de L. lutzae, sendo que quatro destes foram recapturados apenas uma vez e 29 espécimes foram apenas avistados, totalizando 114 registros deste lagarto. A utilização dos recursos pela lagartixa-de-areia diferiu das proporções dos recursos oferecidos na praia, revelando que L. lutzae tem preferência por algumas categorias de micro-hábitat. A largura do nicho espacial de L. lutzae obtida foi B = 5,870. Os demais lagartos encontrados na praia da restinga obtiveram os seguintes índices de largura de nicho: Ameiva ameiva B=1,00; Hemidactylus mabouia B=4,46; Mabuya agilis B=2,00; Tropidurus torquatus B=6,00. As medidas de sobreposição de nicho entre os lagartos mostraram que a espécie de lagarto com o nicho mais próximo de L. lutzae é o gekkonideo Hemidactylus mabouia (Φ=0,638), seguido de perto por Tropidurus torquatus (Φ=0,631). Os nichos de L. lutzae e Mabuya agilis tiveram índice de sobreposição igual a 0,436. O conjunto dos resultados revela que o nicho de L. lutzae é conservador. O lagarto não é capaz de ampliar sua área de distribuição na Restinga de Praia das Neves, restringindo-se a praia. Dentre as espécies de vertebrados observadas, 18 são potenciais predadores da lagartixa-de-areia. Não houve correlação entre L. lutzae com seus potenciais predadores na praia da restinga, apontando para uma distribuição do lagarto no hábitat independente da pressão exercida por predadores. Sugiro que seja criada na Restinga de Praia das Neves uma Unidade de Conservação, como prioridade.