Biologia reprodutiva de Sturnira lilium (Chiroptera, Phyllostomidae) na Floresta Atlântica do estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Godoy, Maíra Sant’Ana de Macedo
Orientador(a): Esbérard, Carlos Eduardo Lustosa
Banca de defesa: Esbérard, Carlos Eduardo Lustosa, Peracchi, Adriano Lúcio, Geise, Lena, Mello, Marco Aurélio Ribeiro de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10784
Resumo: Em relação aos eventos reprodutivos, os morcegos podem ser monoestrais ou poliestrais e sazonais ou assazonais. A estratégia adotada por cada espécie ou população depende de fatores externos como variações do clima regional. Para os morcegos do continente sul-americano ainda não existe estudo comparativo entre as possíveis estratégias reprodutivas, sendo poucas as espécies que já tiveram sua biologia analisada detalhadamente. Nosso objetivo foi analisar os dados reprodutivos de Sturnira lilium obtidos em diversos locais do estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. De maio de 1989 a dezembro de 2011, realizamos amostragens em 64 locais no bioma de Floresta Atlântica, com altitudes que variam do nível do mar a 1.300 m. No total, obtivemos 2.602 capturas de S. lilium: 1.242 fêmeas adultas, 1.225 machos adultos e 136 subadultos (machos e fêmeas). A proporção sexual foi de 0,99 machos: 1 fêmea. O mês de janeiro apresentou um viés na proporção sexual para fêmeas. Estudos de longo prazo e com grande variedade de locais inibem as variações na proporção sexual final. Obtivemos fêmeas gestantes em todos os meses, com exceção do mês de julho e fêmeas lactantes em todos os meses. Este padrão é um indício de classificação para um evento reprodutivo asazonal. A proporção de machos com testículos escrotados foi maior nos meses em que houve maior percentagem de fêmeas potencialmente receptivas. Algumas espécies de morcegos de regiões tropicais apresentam machos com espermatogênese ampliada quando as fêmeas são receptivas ao estro pós-parto. A produção de gametas masculinos precisa ser sincronizada com a ciclicidade das fêmeas. A duração do evento reprodutivo variou anualmente e é independente da precipitação acumulada. Somente com longas amostras e em diferentes condições poderemos reconhecer as estratégias adotadas por cada espécie em cada localidade e, com isso, amostragens anuais são pouco representativas. Tal variação demonstra a adaptabilidade aos ciclos anuais e plurianuais de precipitação, como já observado em outras espécies de morcegos e evidenciam que variações locais também podem ser esperadas como determinantes para o período reprodutivo. No presente estudo, as maiores proporções de fêmeas grávidas e lactantes foram observadas nos meses de maior precipitação favorecendo o período de lactação e cria dos filhotes na época de maior disponibilidade de alimento. No entanto, não obtivemos relação linear do percentual de fêmeas lactantes com as mesmas variações climáticas. Os meses mais chuvosos foram também os mais quentes, sendo difícil distinguir o papel de cada variável na determinação da sazonalidade reprodutiva de S. lilium. Concluímos que Sturnira lilium apresenta reprodução poliéstrica asazonal com estro pós-parto e o início do evento reprodutivo é influenciado pelo aumento dos índices pluviométricos para esta espécie nesta longitude.