A viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre: a genealogia do preconceito e a ética como responsabilidade pelo outro a partir de Emmanuel Levinas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santos, Pedro Paulo Rodrigues lattes
Orientador(a): Silva, Walter Valdevino Oliveira lattes
Banca de defesa: Silva, Walter Valdevino Oliveira lattes, Costa, Affonso Henrique Vieira da lattes, Carrara, Ozanan Vicente lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13486
Resumo: A alteridade remete-nos à capacidade do homem de superar a si mesmo e de se reconhecer na dependência de algo que o complete verdadeiramente, pois a ideia de infinito e o desejo que o homem traz em si revelam algo que o homem não pode alcançar sozinho, mas precisa ser auxiliado por um outro. Emmanuel Levinas vê nesse desejo insaciável e nessa ideia de infinito a possibilidade de o homem ir além de suas teorias sobre o bem e a verdade, teorias que se configuram como uma racionalização estéril do ser, incapazes de satisfazer o homem na sua existência mais autêntica, uma vez que o aprisionam na Totalidade que tende a reduzir tudo ao molde racional estabelecido pela consciência do sujeito que detém o poder. A máxima “somos todos culpados de tudo e de todos, e eu mais que todos os outros”, assumida por Levinas, é a síntese deste projeto, pois, para esse autor, a ética nasce do encontro com a alteridade do Outro que aparece e se dá a mim, na dinâmica do encontro, como um externo que não cabe em minhas categorias, como um ente irredutível a qualquer conceito que dele Eu possa fazer. De fato, a história do ocidente construiu-se como a tentativa sempre violenta de reduzir a alteridade do Outro à ipseidade do Mesmo (razão do Eu), produzindo o preconceito que gera a violência contra o Outro e o homicídio do Outro. Diante da realidade do Outro que se coloca para mim em uma relação face a face, o Eu não pode esquivar-se, deve responder ao outro que o interpela e pede ajuda, ainda que esse Outro não lhe tenha dirigido palavra alguma. O Rosto do Outro evoca a quadríade veterotestamentária “da viúva, do órfão, do estrangeiro e do pobre” como a categoria existencial do Outro violentado pela dominação do Mesmo e pelo seu preconceito, cuja presença já é comunicação de si mesmo e de sua necessidade pela vulnerabilidade da nudez do Rosto que se dá e impõe um discurso e um mandamento indeclinável para o Eu: “Tu não matarás!” A resposta ética que o homem dá a esse mandamento é o caminho que realiza autenticamente a sua humanidade: o cuidado pelo Outro