Desenvolvimento, agricultura e reforma agrária nas visões de Celso Furtado e Roberto Campos (1950-67)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Mendonça, Israel Gil da Silva lattes
Orientador(a): Pereira, João Márcio Mendes
Banca de defesa: Pereira, João Márcio Mendes, Medeiros, Leonilde Sérvolo de, Alentejano, Paulo Roberto Raposo
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13945
Resumo: Este trabalho possui como tema o discurso de dois intelectuais, Celso Furtado e Roberto Campos, que vivenciaram as políticas de desenvolvimento no Brasil entre os anos de 1950 e 1967. Suas participações em órgãos de administração, como o Banco Nacional de Desenvolvimento, assim como do ministério do planejamento, o primeiro no governo de João Goulart e o segundo no governo de Castello Branco, fizeram com que suas concepções de desenvolvimento assumissem grande relevância para as políticas econômicas firmadas nos governos desenvolvimentistas e reformistas, tanto para afirmá-las quanto para confrontá-las. Assim, o trabalho possui como objetivos: 1) estabelecer uma história dos intelectuais tratados, observando a construção de suas ideias a partir de suas trajetórias e relações interpessoais; 2) estabelecer a participação desses dois atores na constituição de dois polos intelectuais, que passaram a disputar a hegemonia sobre o modelo de desenvolvimento brasileiro; 3) promover uma história intelectual de suas ideias, baseada na análise de suas obras escritas e divulgadas no período tratado; 4) identificar similaridades e diferenças entre as duas visões sobre desenvolvimento, agricultura e reforma agrária; 5) apresentar como tais ideias adquiriram sentido no poder Executivo, a partir da análise dos planos econômicos e projetos de reforma agrária desenvolvidos por esses atores quando ministros; 6) promover uma história política a partir da análise das ideias intelectuais. Como método principal, utilizamos da comparação histórica entre as ideias dos dois personagens em suas obras, nos planos que promoveram como ministros e nos projetos de reforma agrária em que participaram, a partir da formação de associações, identidades e oposições entre palavras-temas comuns dos dois discursos. Como resultados, ressaltamos que: 1) as trajetórias dos atores foram importantes para a constituição de seus modelos e visões sobre o desenvolvimento; 2) a partir da participação em dois grupos intelectuais antagônicos, tais agentes foram fundamentais para a atuação em dois blocos de poder adversários: o populista-reformista e o conservador-modernizante associado, como intelectuais orgânicos; 3) ambos almejavam o desenvolvimento nacional, agrícola e a resolução da questão agrária por meios diferentes; 4) tais concepções extrapolaram o meio intelectual e se estabeleceram na sociedade política, como observamos a partir das discussões parlamentares e dos planos e projetos de reforma agrária analisados. Dessa forma, concluímos que os modelos de desenvolvimento e desenvolvimento agrícola dos dois governos, marcados por forte apelo social e político à questão agrária, foram baseados em concepções de intelectuais que, diferente da imagem que promoviam de si de técnicos neutros, tiveram grande papel político nas conjunturas de auge e de crise econômica e social do capitalismo brasileiro, fundamental para o golpe civil-militar de 1964.