Influência da radiação gama sobre a micobiota natural de ração avícola e seu efeito sobre a morfologia, fisiologia e genética de cepas de referência de Aspergillus spp

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Ribeiro, Jéssika Mara Martins lattes
Orientador(a): Rosa, Carlos Alberto da Rocha lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9632
Resumo: Irradiação é um processo físico eficazmente utilizado na preservação de alimentos. Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos da exposição à radiação gama sobre a micobiota natural de rações avícolas e cepas de Aspergillus spp. Amostras de fubá, farelo de soja e ração foram coletadas diretamente da linha de produção de uma granja avícola, no município de Avelar, RJ e, submetidas às doses de 0; 3,5; 8 e 15 kGy de radiação gama. Foram realizados: contagem, isolamento e identificação da micobiota contaminante antes e após a irradiação. A radiossensibilidade de cepas de referência do gênero Aspergillus spp. foi estudada em meio CYA e em milho, com doses de 0 a 8 kGy. Foi comparada a morfologia de cepas controle e irradiadas por macroscopia, microscopia óptica e microscopia eletrônica de transmissão. Estudou-se o perfil toxígeno e realizou-se uma avaliação genética pela técnica de polimorfismo de ADN amplificado ao acaso. Observou-se redução na contagem com o aumento da dose, tendo sido verificada a eliminação da micobiota com 8 kGy. Constatou-se também uma maior radiossensibilidade de leveduras, em relação aos fungos filamentosos. Ocorreu efeito do tempo de armazenamento, sendo que as contagens após 45 dias foram inferiores às encontradas aos 7 dias após a irradiação. A dose 3,5 kGy proporcionou significativa redução da contagem fúngica, a nível abaixo do limite estipulado para a garantia da qualidade higiênica de ingredientes e ração avícola. No entanto, há uma micobiota residual, formada principalmente pelos gêneros: Cladosporium spp., Curvularia spp., Fusarium spp. e Aspergillus spp., esses últimos após serem repicados, apresentaram apenas o desenvolvimento de micélio estéril, o que não permitiu a identificação da espécie. Diferenças em radiossensibilidade foram observadas entre as cepas de referência de Aspergillus avaliadas, sendo A. parasiticus o mais radiorresistente em ambos os substratos avaliados: meio CYA e milho. Observou-se menor conidiogênese e aumento de estruturas de resistência, como os esclerócios. As alterações morfológicas foram mais intensas no isolamento inicial após irradiação sendo que, gradualmente, os isolados irradiados voltaram a apresentar crescimento semelhante ao padrão nos repiques sucessivos. Alterações ultraestruturais nas cepas irradiadas foram observadas principalmente em nível de membrana plasmática e de organelas, em especial núcleo e mitocôndrias. Essas cepas tiveram aumentada sua produção de toxinas. Por outro lado, não foram observadas alterações significativas no genótipo, ao menos com os três marcadores utilizados. Esses relatos reforçam a hipótese de que situações de estresse induzem uma maior produção de toxina pelos fungos. A irradiação produz um estresse, afetando metabolicamente o fungo. Contudo, ao serem fornecidos nutrientes e condições adequadas de crescimento, essa alteração fisiológica é superada. Esses achados sugerem que cepas sobreviventes à irradiação podem voltar a se desenvolver, deteriorando o substrato, desde que sejam fornecidas condições favoráveis ao para seu crescimento.