Agência de Notícias das Favelas e Educação Popular Comunitária: Juventudes entre a desigualdade e o protagonismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lopes, Taís de Souza lattes
Orientador(a): Berino, Aristóteles de Paula lattes
Banca de defesa: Berino, Aristóteles de Paula lattes, Carvalho, Alessandra Pinto de lattes, Santos, Sônia Beatriz dos lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares
Departamento: Instituto de Educação
Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19872
Resumo: Nesta pesquisa, a Agência de Notícias das Favelas é o foco. Busco, ao longo do trabalho, analisar como a ANF contribui enquanto agente promotora de educação, uma vez que realiza um trabalho educativo embora não formal em que dialoga a todo instante com as juventudes periferizadas. Por meio de ações como a RACC (Rede de Agentes Comunitários de Comunicação), a ANF se revela, além de um espaço de Comunicação Comunitária, lugar também de Educação Popular Comunitária. À medida que reuniões de pauta para o jornal acontecem, debates são realizados, textos são escritos, cursos são feitos, é gerado um movimento de produção de subjetividades que a Agência realiza em seus interlocutores: da conscientização, chegam à organização e à reflexão-prática, que faz com que os sujeitos se mobilizem para transformação de sua própria realidade. Para contextualizar minha chegada à Agência de Notícias das Favelas, no entanto, faço um panorama da juventude favelada carioca, apresentando dados levantados pelo Mapa da Violência. O extermínio dessas juventudes revelado em gráficos e tabelas conversa com o discurso eurocêntrico midiático, que criminaliza a pobreza e cria na juventude mais violentada a figura de um inimigo ficcional (MBEMBE, 2018), em que especialmente negros e pobres são vistos como produtores de violência. O discurso midiático hegemônico perpetua a herança das raízes do Brasil escravocrata, o que indica a urgência de uma educação antirracista, sobre a qual também dedico parte desse trabalho. A ANF, porém, vai na contramão. Enquanto observadora participante, tive a oportunidade de conhecer a ANF, que opera como contradiscurso acerca das favelas e suas juventudes, informando e noticiando a favela pelo olhar de dentro, com uma visão não criminalizante, mas democrática, popular, coletiva. Na prática, dá visibilidade ao que os jovens produtores de cultura criam, realiza um trabalho de Educação Popular Comunitária – que está para além dos muros da escola – e contribui para que os sujeitos construam sua própria emancipação, colaboradores ou leitores, a partir da ação-reflexão sobre a própria realidade. Através do jornal A Voz da Favela, da RACC, do portal, de cada projeto e de cada nova matéria, a Agência democratiza o acesso a informação e a comunicação, dando voz a favela e protagonizando sua gente. A metodologia adotada foi a etnografia e o referencial teórico adotado foram as percepções de autores como Mbembe, Freire, Brandão, Gohn, Gadotti, Almeida, Gomes e Peruzzo.