Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Silva, Emilia Jomalinis de Medeiros
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Orientador(a): |
Maluf, Renato Sergio Jamil
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Banca de defesa: |
Maluf, Renato Sergio Jamil
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Schmitt, Claudia Job
,
Wilkinson, John
,
Bezerra, Juscelino Eudâmidas
,
Buhler, Eve Anne
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
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Departamento: |
Instituto de Ciências Humanas e Sociais
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19679
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Resumo: |
O presente trabalho analisou a atual configuração das principais redes do setor supermercadista no município do Rio de Janeiro e a inter-relação entre sua distribuição sócio-espacial com demais dinâmicas da cidade. A pesquisa se valeu da construção de uma base de dados com informações sobre as 20 redes de principal presença na capital fluminense, bem como de trabalho de campo englobando todas as suas Regiões Administrativas. O estudo é realizado a partir de um duplo movimento, à luz do entendimento da espacialidade como uma encruzilhada de trajetórias. A dinâmica do setor é parte constituinte da sócio-espacialidade e a análise do varejo alimentar ajuda a compreender o espaço urbano. Assim, por um lado, apresento o histórico do supermercadismo no Brasil e especialmente no Rio de Janeiro, apontando suas principais tendências atuais, como uma expressiva expansão para regiões onde antes os supermercados eram menos expressivos. Esta expansão caracteriza-se não apenas pela presença de grandes redes chamadas corporações como também das chamadas redes regionais e redes associativistas. Por outro lado, o estudo apreende a capital fluminense em sua sócio-espacialidade, por entender que as dinâmicas prévias das regiões contribuem para a compreensão da atual sócio-espacialização das empresas e do varejo alimentar. Como resultado da análise, tem-se que as redes de supermercado distribuem-se diferentemente pelo território carioca e estabelecem práticas comerciais distintas com implicações potenciais para os hábitos alimentares das populações. Esse modelo se espraia como produto e indutor de desigualdades na provisão de alimentos, dada a seletividade espacial dos atores privados do abastecimento e de suas práticas. Este movimento de expansão relaciona-se com dinâmicas prévias de segregação sócio-espacial, marcadas pelas dimensões de centro- periferia, processos de favelização e de existência de multicentralidades em regiões distantes do núcleo central da capital fluminense. Ao analisar o avanço do controle privado sob o abastecimento alimentar em paralelo à atual organização de políticas e equipamentos de varejo públicos ou por ele ordenado, tem-se como resultado a insuficiente e desigual disponibilidade de equipamentos públicos e de políticas de abastecimento, como mercados públicos e as feiras livres, orgânicas e agroecológicas. Como em outras esferas da questão urbana, é crescente aqui o predomínio de uma lógica empresarialista de cidade e a forma como os alimentos são comercializados deve ser entendida como mais um elemento da privatização do espaço urbano. Por fim, buscou-se apreender a relação entre a organização sócio-espacial do supermercadismo com práticas varejistas informais de alimentos, sendo importante destacar que permanecem manifestas expressões informais de varejo alimentar, integrantes de um circuito inferior da economia, que interagem sócio-espacialmente com os equipamentos formais. Embora abordagens teóricas que privilegiam em sua análise a escala macro auxiliem na compreensão do movimento supermercadista na cidade como integrante de um processo global do varejo alimentar e do regime alimentar corporativo, não explicam por completo o conjunto de elementos verificados, haja vista as especificidades tanto do setor supermercadista, como da capital fluminense. Isto revela a necessidade de uma abordagem multiescalar, que olhe as desigualdades alimentares orientadas por uma abordagem interseccional, e que incorpore na análise dinâmicas “locais” e “territoriais”, sem, contudo, associá-las a dimensões “éticas” e “alternativas” como sugere parte da literatura do Norte Global. |