Evidências sorológicas e moleculares de infecção natural por Mycobacterium leprae em tatus (Euphractus sexcinctus) no estado do Rio Grande do Norte, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ferreira, Jessica da Silva lattes
Orientador(a): McIntosh, Douglas lattes
Banca de defesa: McIntosh, Douglas lattes, Matias, Carlos Alexandre Rey lattes, Santos, Tiago Marques dos lattes, Pessolani, Maria Cristina Vidal lattes, Roque, André Luiz Rodrigues lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9604
Resumo: A hanseníase é uma doença crônica e infecciosa com alto potencial para causar incapacidade física. Até recentemente, acreditava-se que Mycobacterium leprae era um patógeno exclusivamente humano. No entanto, a detecção de fontes não humanas da bactéria, mais notadamente em tatus, levantou questões sobre a cadeia de transmissão da hanseníase. Os tatus da espécie Dasypus novemcinctus são conhecidos por estarem envolvidos na manutenção e transmissão de M. leprae a humanos nos Estados Unidos da América (EUA), onde a hanseníase é classificada como uma zoonose. No Brasil, tatus (principalmente D. novemcinctus) naturalmente infectados por M. leprae foram relatados em algumas regiões. Além disso, o contato via caça, manejo, reprodução e consumo de carne de tatu é considerado um fator de risco para transmissão de M. leprae ao homem. No entanto, em contraste com os dados conclusivos apresentados nos EUA, as evidências que sustentam a existência de hanseníase zoonótica, envolvendo tatus no Brasil, são essencialmente sugestivas. O presente estudo avaliou tatus Euphractus sexcinctus (n=20), coletados em localidades rurais no estado do Rio Grande do Notre (RN), Brasil, para investigar infecção por M. leprae. O soro foi analisado através de dois ensaios imunoenzimáticos “in-house” (ELISAs) e dois testes imunocromatográficos de fluxo lateral (LF) comercialmente disponíveis (ML flow e NDOLID®), a fim de detectar reposta ao PGL-I e LID-1, ambos antígenos da bactéria. A presença do DNA de M. leprae no tecido hepático foi analisado utilizando o elemento repetitivo específico de M. leprae (RLEP), como alvo em ensaios de PCR convencional e nested. Dados moleculares e sorológicos (ELISA anti-PGL-1) indicaram que 20/20 (100%) dos tatus foram infectados por M. leprae. Os níveis de detecção correspondentes aos testes LF, foram 17/20 (85%) e 16/20 (80%), para os testes de fluxo NDO-LID® e ML, respectivamente. A genotipagem de isolados de M. leprae oriundos de pacientes e tatus foi conduzida utilizando sistemas baseados em marcadores moleculares como Números Variáveis de Repetições Tandem (VNTRs) e Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs), quando possível. Estes perfis genotípicos foram combinados com os resultados de outros estudos brasileiros e internacionais, incluindo os de tatus nos EUA, para gerar um banco de dados. Análises baseadas em VNTRs evidenciaram que os isolados de M. leprae oriundos de E. sexcinctus são altamente relacionadas entre si. A análise comparativa dos isolados de M. leprae oriundos de E. sexcinctus com os perfis contidos na base de dados de VNTRs, embora evidenciasse correlação, não forneceu evidências definitivas para um perfil genético comum entre pacientes e tatus brasileiros. Portanto, dadas as deficiências nos perfis genotípicos das amostras oriundas de tatu e em uma porção substancial das oriundas dos humanos, devido a dificuldades encontradas na amplificação de alguns marcadores, seria incorreto afirmar que nossos dados forneceram evidências conclusivas da existência de perfil genotípico de M. leprae comum entre pacientes e humanos no Brasil. Recomenda-se que, para resolver esta lacuna, as melhorias nos protocolos de genotipagem baseada em VNTRs existentes devem ser uma prioridade para futuras pesquisas sobre este importante tópico. Apesar da natureza inconclusiva dos dados de genotipagem, concluiu-se que, em comum com D. novemcinctus, tatus E. sexcinctus representam um reservatório de M. leprae e, como tal, seu papel em um possível ciclo zoonótico de hanseníase no Brasil merece mais investigação.