Infecção por Bartonella spp. em gatos de abrigo da Região Metropolitana do Rio de Janeiro: implicações clínicas, hematológicas e fatores associados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Raimundo, Juliana Macedo lattes
Orientador(a): Baldani, Cristiane Divan
Banca de defesa: Souza, Aline Moreira de, Ferreira, Renata Fernandes, Souza, Heloiza Justen Moreira de, Machado, Carlos Henrique
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas)
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10133
Resumo: Os gatos são os principais reservatórios de Bartonella henselae (Bh), B. clarridgeiae (Bc) e B. koehlerae (Bk), as quais podem ser transmitidas ao homem por meio de arranhões ou mordidas e causar doenças. No Brasil os estudos são escassos, principalmente aqueles que abordam a detecção molecular destas bactérias, bem como seus impactos na rotina clínica veterinária e saúde pública. O objetivo deste estudo foi detectar DNA de espécies de Bartonella em gatos de abrigos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e seus ectoparasitas e, adicionalmente, avaliar sinais clínicos, alterações hematológicas e fatores associados à infecção. Duzentos e oito gatos de abrigos foram subdivididos em dois grupos: G1, município do Rio de Janeiro (n=68) e G2, incluindo os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Mesquita, Nova Iguaçu, São Gonçalo e Seropédica (n=140). Os gatos foram avaliados clinicamente e inspecionados quanto à presença de ectoparasitos. Mediante contenção apropriada, amostras de sangue foram colhidas por venopunção cefálica e transferidas para tubos contendo o anticoagulante EDTA. A triagem para detecção de DNA de Bartonella spp. em amostras de sangue e ectoparasitos foi baseada nos genes gltA e ITS (16S-23S). A associação entre a infecção bacteriana, dados hematológicos, sinais clínicos e fatores de risco foi avaliada pelo teste exato de Fisher ou Qui-quadrado. No presente estudo, oitenta e três gatos (39,9%) foram positivos para Bartonella spp., dos quais 22,1% e 48,6% pertenciam ao grupo 1 e grupo 2, respectivamente. Tal discrepância pode ser atribuída às medidas de higiene e controle de pulgas aplicadas nos locais. DNA bacteriano foi detectado em pulgas e sangue de gatos infestados por pulgas positivas, os quais apresentaram duas vezes mais chances de se infectarem (p>0,05). Tal achado ressalta a importância destes ectoparasitos na transmissão dos patógenos entre os gatos. Bh e Bc foram detectadas em pulgas, enquanto que, Bh, Bc e Bk, em sangue de gatos bacterêmicos. Houve maior frequência de infecção em gatos amostrados nos meses de Março à Junho (p<0,05). É provável que os tutores, por acreditarem não se tratar de período de atividade de ectoparasitos, reduzam os programas de controle de pulgas. No entanto, outono ainda é uma estação ativa para pulgas, especialmente, no Rio de Janeiro onde as temperaturas permanecem moderadamente elevadas durante todo o ano. Gatos não castrados, com acesso à rua, histórico de briga, sem uso de ectoparasiticidas e infestados por pulgas demonstram-se mais propensos à infecção (p<0,05). Os dados reforçam a associação entre bacteremia e contato prévio com pulgas, e enfatiza C. felis como principal vetor. Com relação às alterações hematológicas, eosinofilia foi associada à infecção (p<0.05), sendo observada em 62,2% dos gatos infectados. A ocorrência Bartonella spp. em pulgas e gatos de abrigos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro enfatiza a necessidade de alertar a comunidade veterinária local, proprietários e autoridades de saúde pública para o risco desta zoonose. Medidas de controle devem ser implementadas para prevenir a infecção em gatos, hospedeiros vertebrados e pessoas.