Hábitos alimentares e ecologia trófica de duas espécies sintópicas de sciaenídeos Micropogonias furnieri e Ctenosciaena gracilicirrhus em uma baía tropical no sudeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Martins, Mariana Marques lattes
Orientador(a): Araújo, Francisco Gerson
Banca de defesa: Araújo, Francisco Gerson, Santos, Alejandra Filippo Gonzalez Neves dos, Andrade-Tubino, Magda Fernandes de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10742
Resumo: A análise da dieta de peixes é de grande importância para entendermos não só a coexistência desses grupos de organismos, mas também os processos desenvolvidos no ecossistema em que habitam. Este estudo tem como objetivo analisar a dieta de Ctenosciaena gracilicirrhus e Micropogonias furnieri e verificar a ocorrência de variações ontogenéticas e sazonais na alimentação, além dos possíveis mecanismos utilizados para possibilitar a coexistência dessas espécies sintópicas abundantes na zona exterior do da Baía de Sepetiba. A hipótese testada é de que estas espécies proximamente relacionadas em forma apresentem partição dos recursos alimentares para coexistirem na Baía de Sepetiba e que ocorram variações nos hábitos alimentares ao longo do crescimento. Foram examinados os conteúdos estomacais de 198 espécimes de M. furnieri (85–280 mm de comprimento total) e 198 de C. gracilicirrhus (49–131 mm no total comprimento) obtidos de arrastos de fundo diurnos trimestrais realizados entre o inverno de 2012 e o outono de 2013 na zona externa da Baía de Sepetiba, RJ. Diferentes padrões nas dietas entre as espécies, classes de tamanho e estações do ano foram determinados pelas análises de Ordenação Multidimensional Não-Métrica. Diferenças significativas foram detectadas na dieta entre as duas espécies (Pseudo-F = 5,16; p = 0,001) e entre as classes de tamanho (Pseudo-F = 2,23; p = 0,001), mas não entre as estações (Pseudo-F = 0,36; p = .920), segundo PERMANOVA. Micropogonias furnieri alimentou-se principalmente de Polychaeta e Caprella, enquanto C. gracilicirrhus utilizou preferencialmente Caprella. Micropogonias furnieri apresentou preferência por Crustacea nas menores classes de tamanho, ampliando para o uso de Polychaeta nas maiores classes de tamanho. Ctenosciaena gracilicirrhus apresentou preferência por Caprella, que foi mais claramente observada nas maiores classes de tamanho. Não foram observadas variações sazonais significativas para as duas espécies. Ambas as espécies apresentaram diminuição do nicho trófico com o aumento do tamanho, caracterizando assim tendência a especialização, também confirmada através do diagrama de Amundsen. Ambas as espécies tenderam a se especializar a medida que cresciam, com M. furnieri preferindo Polychaeta, e C. gracilicirrhus, Caprella. Como esperado, uma alta sobreposição intraespecifica de nicho foi observada entre as classes de tamanho dentro de cada espécie, mas não a um nível interespecífico, com as duas espécies utilizando diferentes recursos alimentares. A hipótese de que as duas espécies proximamente relacionadas em forma apresentam partição do nicho trófico como mecanismo para facilitar a coexistência foi confirmada.