Empresas e territórios: interações para o bem-estar - condições para que grandes investimentos contribuam para o desenvolvimento de territórios anfitriões de suas operações e para seus próprios objetivos de negócio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Grimberg, Priscilla lattes
Orientador(a): Vinha, Valeria Gonçalves da lattes
Banca de defesa: May, Peter Herman, Caldasso, Liandra Peres
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Práticas em Desenvolvimento Sustentável
Departamento: Instituto de Florestas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/15611
Resumo: A pressão sem precedentes sobre os recursos minerais nas próximas décadas, aliada à demanda de energia, ambas motivadas pelo consumo de quase 10 bilhões de habitantes previstos para 2050, fará com que a taxa histórica de investimento mais que dobre para o setor extrativo e de óleo e gás, por exemplo. Essas indústrias e suas cadeias representam aproximadamente 5 % do PIB global, sendo que três delas figuram entre as dez maiores companhias mundiais. Entretanto, mais da metade de suas reservas conhecidas se encontram em países não integrantes da OECD, marcados pela desigualdade e baixos índices de desenvolvimento humano. Estas previsões intensificam também a ocorrência de uma relação que não vem dando certo: a de grandes investimentos privados com seus territórios de operação. Benefícios econômicos oriundos da instalação de grandes empreendimentos não conseguem, na grande maioria das vezes, atingir as populações locais e o enorme fluxo de dinheiro e de operações de grande escala industrial tensionam as instituições econômicas, políticas e sociais dos territórios de tal forma que as populações locais são deixadas em pior situação após a instalação desses empreendimentos. Conflitos são o resultado deste cenário e casos emblemáticos como da Usina hidrelétrica de Belo Monte e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPERJ - são uma constante. O crescimento dos “riscos não técnicos” é recentemente valorado pelo setor privado e evidencia os impactos para as empresas dessa má relação com a comunidade local. Dentre os quais: duplicação, na última década, do tempo necessário para a implantação de projetos vindouros para as principais empresas internacionais do petróleo e atrasos no cronograma e / ou excesso de custos em 50% dos grandes projetos de mineração e metais. As empresas investem voluntariamente, mas esses investimentos não são garantia de uma boa relação e consequente inexistência de conflitos. Nas últimas duas décadas, inúmeras publicações são lançadas pelo setor, com discurso comum de que o sucesso do empreendimento está diretamente associado ao desenvolvimento exitoso dos territórios de suas operações empresariais. Essas publicações têm orientado as políticas empresariais. Entretanto, a licença social para operar se mantém como principal risco e desafio para empreendimentos cujas operações possuem maior risco de impactos socioambientais. Por outro lado, a promoção do desenvolvimento em si tem sido objeto de diferentes aparatos explicativos que, sozinhos, não foram capazes de explicá-lo. Somente em 2012, é disponibilizado um modelo conceitual que evidencia em que condições dinâmicas territoriais exitosas podem ser promovidas. Este estudo procura interrogar as causas para o fracasso da relação empresa e território, vinculadas diretamente ao fracasso do desenvolvimento territorial, utilizando-se das referências do setor para estratégias de investimento comunitário em comparação com o modelo conceitual para promoção de desenvolvimento exitoso. A hipótese geral é que o principal bloqueio às relações exitosas entre empresas e sociedade e ao próprio desenvolvimento territorial está na reprodução de armadilhas de desigualdade, que as empresas - baseadas em uma mentalidade utilitarista e enquanto principais motores econômicos locais - fomentam. Como consequência, promovem a perpetuação de situações desiguais, de conflitos e insucesso para ambos envolvidos. As condições para transformação desse cenário não são enfatizadas e/ ou seguidas pelas estratégias que orientam o setor.