Importância das escalas espaciais sobre a estrutura e beta diversidade das assembleias de peixes recifais da Baía da Ilha Grande, RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Fonseca, Milaine Silvano da lattes
Orientador(a): Neves, Leonardo Mitrano lattes
Banca de defesa: Neves, Leonardo Mitrano lattes, Skinner, Luis Felipe lattes, Tubino, Rafael de Almeida lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e Da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/15975
Resumo: O entendimento da influência das escalas espaciais sobre a biodiversidade é fundamental para determinar quais medidas de conservação devem ser implementadas nos locais de uma região. Os peixes recifais são um componente fundamental para o funcionamento de ecossistemas recifais e têm sido ameaçados por impactos que ocorrem em escalas locais e regionais. Detectar quais escalas espaciais estão associadas a maior variação na composição das assembleias é crucial para identificar os processos no habitat que promovem esse padrão e propor medidas efetivas de conservação. Os objetivos deste estudo foram: (1) quantificar a variação espacial das assembleias de peixes recifais em escalas de dezenas de metros a dezenas de quilômetros, e (2) determinar se existem padrões de beta diversidade nessas escalas espaciais. Foram testadas as hipóteses de que (1) existe uma associação positiva entre a heterogeneidade do habitat e a beta diversidade, e (2) que a menor escala espacial comporta maior heterogeneidade e beta diversidade. Estes componentes da diversidade da assembleia de peixes (diversidade beta) e do habitat (heterogeneidade do habitat) foram avaliados em uma escala espacial local (entre transectos de locais) e uma maior escala espacial (entre locais de regiões). Cinco regiões foram estabelecidas na baía da Ilha Grande, com 2 abrangendo locais mais profundos e mais distantes da costa (Ilha Grande e Canal Central), e 3 com locais mais rasos, próximos da costa e sob influência estuarina (baía da Ribeira, Mambucaba e Paraty). Em cada local, 4-6 transectos foram amostrados, totalizando 289 transectos. A diferença na estrutura das assembleias de peixes entre as escalas espaciais foi testada usando a análise de variância multivariada permutacional (PERMANOVA) baseada no índice de Bray-Curtis. A variação na composição de espécies através das escalas espaciais (beta diversidade) foi testada com análise da Homogeneidade das Dispersões Multivariadas (PERMDISP) baseada no índice de Jaccard, enquanto os componentes aninhamento e rotatividade foram obtidos pelo pacote BetaPart. A maior variabilidade na estrutura da assembleia de peixes ocorreu entre os locais dentro de cada região (Pseudo-F = 3,9, p=0,0001, ECV = 26%). A distância da costa e a cobertura bentônica foram os melhores preditores da estrutura da assembleia. Uma assembleia de peixes predadores de invertebrados móveis e carnívoros caracterizou as amostras da baía da Ribeira e Paraty, enquanto uma assembleia mais rica com peixes de múltiplos grupos tróficos representou as amostras do Canal Central, Ilha Grande. A beta diversidade variou dentro dos locais (F=4,241, P=0,0001) e regiões (F=4,7173, p=0,0163). Entretanto, a escala local apresentou a maior dissimilaridade de Jaccard, com o componente de rotatividade (turnover) como principal contribuinte, enquanto nas regiões a dissimilaridade de Jaccard diminuiu e a contribuição da rotatividade e do aninhamento foi mais uniforme. A beta diversidade foi positivamente correlacionada a heterogeneidade do habitat (p<0,01), com os locais da Ilha Grande mais heterogêneos em comparação aos locais da baía da Ribeira e Paraty. A variação da assembleia de peixes na escala dos locais foi associada a heterogeneidade do habitat, enquanto os impactos associados a influência de rios e proximidade da costa atuam diferenciando as assembleias na escala das regiões. As medidas de conservação devem considerar a heterogeneidade dos habitats e histórico de uso na escala dos locais, e ações que minimizem os efeitos de impactos mais abrangentes e difusos na escala das regiões.