Poetas doidos, práticas artísticas, formas de cidadania e luta antimanicomial: o Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário e a rede de saúde mental de Belo Horizonte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Fontana, Stefano lattes
Orientador(a): Reinheimer, Patricia lattes
Banca de defesa: Reinheimer, Patricia lattes, Machado, Carly Barboza lattes, Malighetti, Roberto, Pozzi, Giacomo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/20640
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo descrever e refletir sobre as dimensões de uma margem (limen) como um lugar criativo-ativo capaz de propor uma relação humana positiva através da prática artística, com exclusão da diversidade, criando espaços originais para o exercício e a experimentação de uma (nova?) Cidadania ativa que se desvia da cultura política hegemônica, aquela asilar. O objeto da reflexão antropológica é como a prática artística em um "dispositivo" inovador da rede pública de saúde mental de Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil), o Centro de Convivência (CdC), dá vida a novas formas de cidadania no "estado de exceção" da lógica do asilo. Os CDCs são lugares liminares, expressões ativas da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica brasileira e mundial. No CDC, por meio da prática artística se faz micropolítica, se constrói cidadania; "Lugares de experimentação que podem contribuir para a reconsideração da íntima relação entre conspiração, multissensorialidade e place making" (Minelli 2017), superando a crise da presença. A experiência do CDC está à margem da política pública de saúde mental de Belo Horizonte, mas é o emblema (por meio da prática cotidiana) da lógica de mudança que Basaglia e Rotelli então indicaram como direções a seguir para os "caminhantes" que já em meados dos anos 70 começaram a se mover que já em meados dos anos 70 começaram a se mover criticamente em direção à política de asilo. A reflexão, após uma necessária análise do processo de desinstitucionalização brasileiro (ainda em curso?) "que há mais de vinte anos persegue uma corajosa reforma do sistema de saúde mental" (B. Saraceno 2014) e que através de lutas, reflexões e inovações "viu nascer e se desenvolver um compacto movimento de renovação dos serviços públicos de saúde mental, envolvendo técnicos, familiares usuários e sociedade civil" (Ib. 2014), se centrará na prática artística cotidiana dos Centros de Convivência, contextualizando-a obrigatoriamente com o resto da rede de saúde mental da capital mineira (em grande parte funcionando segundo um esquema biomédico) e em sua relação com a comunidade, examinando "a problemática relação entre reprodução e descontinuidade nas ações terapêuticas e reabilitadoras, em uma fase de superação do hospital psiquiátrico". "(Minelli 2014). Em um nível metodológico, será utilizada uma antropologia da experiência e do estudo com (Ingold 2013), participando assim do processo e estabelecendo, por meio da presença, importantes relações intersubjetivas por meio do "compromisso sensorial e pragmático" (Malighetti 2016, p.17), utilizando assim o corpo como principal instrumento de conhecimento. A abordagem poética evocativa será a orientação metodológica da escrita, a fim de manter uma certa consonância com a experiência etnográfica. Além disso, considerando a pluralidade dos lugares envolvidos, a pesquisa será realizada em um "campo espacialmente descontínuo" (Marcus, 1995), seguindo as práticas incorporadas nos e pelos atores, mapeando seu caminho em uma paisagem que muda a cada momento.