Os camponeses do “Nudo Del Paramillo”: desapropriação e reprodução da vida numa região de fronteira agrária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pérez, Edna Catalina Serrano lattes
Orientador(a): Andriolli, Carmen Silvia lattes
Banca de defesa: Andriolli, Carmen Silvia, Medeiros, Leonilde Servolo de, Menezes, Thereza Cristina Cardoso, Garzon, Soraya Maite Yie
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11689
Resumo: A pesquisa descreve os processos de territorialização e reprodução social dos camponeses do Nudo del Paramillo ao longo do século XX. A região está localizada em áreas montanhosas e selváticas ao sul da costa caribe colombiana. Suas dinâmicas são altamente complexas: fronteira agrária numa região dominada pela fazenda de gado; presença de quatro grupos armados ilegais com diversidade ideológica (Guerrilhas Liberais, EPL, AUC e FARC-EP); e, nos anos noventa, cenário da construção da barragem de Urrá, que gerou profundos impactos nos indígenas Emberá-Katío. A dissertação atende a uma lacuna de informação referente à presença camponesa na região, toda vez que, tanto na produção intelectual sobre o lugar, quanto no plano das transformações territoriais dele, o campesinato tem sido sistematicamente silenciado e apagado, e o território está narrado quase exclusivamente em termos das dinâmicas do conflito armado. Portanto, a dissertação se propõe resgatar algumas das histórias sobre como esses grupos de camponeses chegaram na região, qual era sua relação com o contexto sócio-político circundante e sua participação no conflito armado, e até que ponto suas formas de vida eram autônomas. Proponho uma leitura histórica situada na periferia agrária da região, o que permite uma aproximação aos diferentes regimes de desapropriação territorial efetuados no século XX. Esses regimes foram agenciados por autores ilegais e pelo Estado no seu processo de consolidação nacional e regional, a partir de estratégias de desapropriação violentas e legais, no marco de modelos dominantes e assimétricos de governo territorial. A análise que faço na dissertação propõe um diálogo entre pesquisas da antropologia brasileira do campesinato, reflexões clássicas sobre seu papel político, e o conflito e a desapropriação na ruralidade colombiana. Desse modo, procura-se questionar a aparente unicidade daquelas comunidades para aprofundar na sua diversidade, analisando informação sobre as transformações das unidades domésticas para responder ao deslocamento forçado, suas motivações para participar ou não da luta armada, e sobre como resistem e continuam na reprodução de seus modos de vida depois de fortíssimos processos de desapropriação territorial.