Intoxicação por etanol contido em “levedo” de cerveja em bovinos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Brust, Luís Armando Calvão lattes
Orientador(a): Peixoto, Paulo Fernando de Vargas lattes
Banca de defesa: Varaschin, Mary Suzan, Silva, Paulo Cesar Amaral Ribeiro da, Malafaia, Pedro Antonio Muniz, Bezerra Júnior, Pedro Soares
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9729
Resumo: Descreve-se a ocorrência de intoxicação aguda por etanol em bovinos alimentados com “levedo” de cerveja e a sua reprodução experimental. Embora não tenham sido encontradas referências sobre casos de intoxicação natural por etanol através da ingestão de “levedo” de cerveja, este subproduto de fábricas cervejeiras tem sido associado a quadros fatais de intoxicação em bovinos no Sul do Estado do Rio de Janeiro. Em um caso espontâneo, antes de se recuperar, o bovino apresentou ataxia, decúbito, incapacidade de levantar-se, obnubilação, tremores musculares, respiração profunda e taquipnéica. Levantamentos epidemiológicos, realizados em seis propriedades que fornecem o resíduo a bovinos, identificaram fatores de risco e características clínicas da intoxicação. Aparentemente os surtos ocorrem em animais pouco habituados ao consumo, e o “levedo”, quando recém-chegado, parecer ser mais tóxico; períodos que se seguem a escassez do produto parecem estimular um maior consumo do resíduo e consequentemente, a intoxicação. O quadro clínico, referido em todas as propriedades visitadas, tem início em até 30 minutos após o término da ingestão de grandes quantidades do “levedo” e se caracteriza por tonteira, cambaleios, quedas, posições atípicas, timpanismo e morte em minutos ou poucas horas, principalmente devido ao meteorismo. A administração do “levedo” de cerveja a cinco bovinos em doses entre 38,46 ml/kg e 137,09 ml/kg foi responsável pelo desenvolvimento de quadros de intoxicação leve a grave; um animal veio a óbito com 110,49 ml/kg. Os sintomas foram semelhantes aos observados no caso natural e descritos no levantamento epidemiológico, acrescidos por sonolência, choque contra obstáculos, apoio da cabeça ao solo, aumento da freqüência cardíaca, nistagmo e odor alcoólico no ar expirado. Quadros de timpanismos se apresentaram sem gravidade e não associados a causa mortis. Os achados de necropsia limitaram-se a edema gelatinoso e translúcido na parede do rúmen, conteúdo ruminal com odor característico de “levedo” de cerveja e espuma esbranquiçada na traquéia. Análise dos níveis de etanol nos animais que receberam o “levedo” de cerveja, revelou valores plasmáticos entre 253,4 mg/dL a 503,3 mg/dL, e urinários entre 104,2 mg/dL a 137,6 mg/dL. A quantificação de uma amostra do “levedo” de cerveja administrado em um dos experimentos revelou um teor alcoólico de 5 %. O exame histológico de fragmentos de fígado coletados em bovinos que ingeriram “levedo” de cerveja por até 4 meses, não demonstrou quaisquer alterações hepáticas; apenas um animal que ingeriu o “levedo” por 7 meses evidenciou moderada degeneração gordurosa. Apesar da afirmação de alguns produtores a respeito do vício desenvolvido pelos bovinos ao álcool contido no “levedo” de cerveja, observações preliminares sugerem, à princípio, o desenvolvimento de um gosto especial pelo produto. A adoção de medidas preventivas como evitar a escassez do “levedo” de cerveja, controlar seu consumo ou diluí-lo em água antes da administração aos animais podem reduzir os riscos de intoxicação.