Do outro das grades: análise dos discursos da equipe dirigente da unidade psiquiátrica de custódia e tratamento do Rio Grande do Norte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Lima, Maria Mayara de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20455
Resumo: A pesquisa em questão objetivou apreender como se constrói a prática profissional da equipe dirigente da Unidade Psiquiátrica de Custódia e Tratamento do Rio Grande do Norte (UPCT/RN) a partir da análise do seu discurso, o qual reflete tanto questões subjetivas inerentes aos profissionais, quanto àquelas oriundas de toda uma gama de legislações, leituras, práticas e “verdades” que lhes são apresentadas. Os Hospitais de Custódia mantêm sob tutela do Estado os sujeitos inimputáveis e semi-imputáveis autores de “crimes”, mas que não podem responder judicialmente, por terem algum tipo de doença mental. Por isso, são eximidos de dolo e pena, sendo submetidos a uma medida de segurança que deve ser cumprida em organização competente (como os Hospitais de Custódia), possibilitando o seu tratamento psiquiátrico, bem como a recuperação e/ou manutenção dos seus vínculos sociais e familiares, delineando a sua desinternação. A fim de alcançar o objetivo acima apresentado, realizei entrevistas acompanhada de um roteiro semiestruturado no período de julho a agosto de 2014, com seis profissionais da Unidade, quais sejam: a vice-diretora da organização, o enfermeiro chefe e quatro agentes penitenciários. Após a transcrição das entrevistas, utilizei da metodologia de análise de discurso com o intuito de apreender a forma e a partir de que pressupostos tais discursos são construídos, percebendo, ainda, a presença de processos parafrásticos e/ou polissêmicos através de um dispositivo de análise pré-determinado. Destarte, em relação às reflexões que a pesquisa me proporcionou, explanando aqui de forma sucinta, apreendi que a concepção de trabalho vai além de questões sociais e econômicas, vinculando-se, também, a aspectos do psíquico humano; os profissionais da equipe dirigente sofrem, cada um a sua maneira, não só por falta de estrutura física e humana, mas por se enxergarem como corresponsáveis pelo oferecimento de um tratamento precário aos internos da instituição. O estigma que acompanha a figura do “louco-infrator” recai, também, sobre os profissionais, provocando um aumento de sua carga psíquica. Bem assim, a identidade profissional construída por cada sujeito estende-se ao meio familiar e social e esse fato, na maioria das vezes, apresenta-se como negativo, contribuindo para o aumento no sofrimento do trabalho.