Caracterização de frações ricas em polissacarídeos sulfatados da alga marrom Dictyopteris delicatula e avaliação do seu potencial antiurolítico, a partir da determinação de suas atividades antioxidante e moduladora da cristalização de oxalato de cálcio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Batista, Lucas Alighieri Neves Costa
Orientador(a): Rocha, Hugo Alexandre de Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30304
Resumo: Fucanas e fucoidans são polissacarídeos que contêm alfa-L-fucose sulfatada em sua constituição e são encontrados quase que exclusivamente em algas marrons, atribui-se a essas moléculas diversas atividades farmacológicas como: anticoagulante, antitrombótica, antiproliferativa, antinociceptiva osteogênica. A ampla presença de grupamentos sulfato, e as vezes carboxila, nas fucanas e fucoidans confere a essas moléculas uma elevada carga negativa, o que é uma característica comum nos inibidores da formação de cálculos renais de oxalato de cálcio (CaOx), por isso, considera-se que as fucanas e fucoidans têm elevado potencial como agentes antiurolíticos. Outro ponto positivo para as fucanas e fucoidans com relação sua atividade antiurolítica é as suas propriedades antioxidantes, pois como o estresse oxidativo participa do processo de formação de cálculos renais, a ação antioxidante é considerada como preventora da urolitíase. Contudo, poucas fucanas e fucoidans, menos de dez, foram avaliados nesse sentido. Tendo isso em mente, assim como, a questão da carga negativa e a atividade antioxidante como fatores chave para atividade antiurolítica, no presente estudo teve-se como objetivo avaliar o potencial antiurolítico de polissacarídeos extraídos da macroalga Dictyopteris delicatula, uma macroalga amplamente encontrada em todo o litoral nordeste do Brasil, por meio da análise da influência desses polissacarídeos na cristalização do CaOx in vitro e da capacidade deles em prevenir o estresse oxidativo em células proveniente do epitélio renal (MDCK). Polissacarídeos de D. delicatula foram extraídos por proteólise a quente e fracionados por meio de precipitação com volumes crescente de acetona em cinco diferentes frações: F0,5v, F0,7v, F1,0v, F1,5v e F2,0v. Análise da composição dessas frações mostrou que se tratavam de frações ricas em polissacarídeos sulfatados (FRPS) contendo fucose. Na presença das FRPS os cristais CaOx foram menores, mais numerosos e com carga superficial altamente negativa. Destacou-se a atividade modulatória da F0,5v (0,1 mg/mL), cuja presença na cristalização aumentou 1721 vezes o número de cristais formados; reduziu em mais de 90% o tamanho dos cristais; aumentou a carga negativa da superfície de -7 mV para -35 mV e impediu completamente a formação de cristais CaOx monoidratados. Muitos destes efeitos ainda foram visualizados quando F0,5v foi avaliada em concentrações menores (0,02 – 0,01 mg/mL). Quando avaliada em condições de cultivo celular, F0,5v (0,5 mg/mL) inibiu por completo o efeito do peróxido de hidrogênio em diminuir a viabilidade de células MDCK. Portanto, esta foi escolhida para ser melhor caracterizada. Assim, a F0,5v foi submetida a cromatografia de troca iônica e foram obtidas cinco subfrações: 0.2 M, 0.4 M, 0.5 M, 0.6 M e 1.0 M. A caracterização química da F0,5v e das suas subfrações revelaram que essas são constituídas principalmente por fucose, glucose, ácido urônico e sulfato. As atividades antioxidante e moduladora da cristalização de CaOx de nenhuma das subfrações foi superior às atividades da F0,5v, indicando que a F0,5v é mais potente quando não está fracionada. Em suma, F0,5v foi capaz de sequestrar 79% dos radicais hidroxila, 10% dos radicais superóxido, 22% do óxido nítrico e teve atividade antioxidante equivalente a 31 mg de ácido ascórbico. E com relação a modulação dos cristalização, na presença das subfrações foi observado redução no número e aumento no tamanho dos cristais CaOx, exceto quando utilizou-se 0.2 M e 0.6 M. Considerando a atividade antioxidante e modulatória da cristalização do CaOx promovida pela F0,5v, concluise que essa fração tem potencial em prevenir a formação de cálculos renais de CaOx mais promissor que as suas subfrações.