Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Rezende, Marianne da Cruz Moura Dantas de |
Orientador(a): |
Lopes, Denise Maria de Carvalho |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/25748
|
Resumo: |
A presente pesquisa objetivou analisar modos como crianças bem pequenas – com um e dois anos de idade - vivenciam interações e brincadeiras na Educação Infantil. Com aporte nas concepções da abordagem histórico-cultural de L. S. Vigotski e da psicologia dialética de H. Wallon, compreendemos que é nas/pelas interações sociais que as crianças se constituem como sujeitos humanos mediante a apropriação da cultura em percursos mediados social e simbolicamente. Nesse processo, a brincadeira consiste em uma das formas específicas infantis de interaçãorelação e significação do mundo sociocultural. Essa concepção é assumida pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI, 2009) ao trazer como eixos estruturantes das práticas pedagógicas-curriculares destinadas às crianças, as interações e a brincadeira. Esses eixos constituem um desafio às instituições e profissionais no que concerne, principalmente, aos bebês e às crianças bem pequenas, foco desse estudo, no sentido de compreender de que modos essas crianças interagem e brincam. Consideramos as interações como relações-ações de afetação recíproca entre sujeitos envolvendo suas múltiplas dimensões, e a brincadeira como prática cultural e linguagem fundamental das crianças em sua relação com o meio sociocultural mediante vivência e produção de sentidos marcados pela fantasia, imaginação e ludicidade. Como aporte metodológico assumimos, dentro de uma abordagem qualitativa: princípios propostos por L.S.Vigotski (2007) e por M. Bakhtin (2003, 2009) para a pesquisa sobre processos humanossociais; aspectos do paradigma indiciário de Ginzburg (1989) e da pesquisa etnográfica. A construção de dados empíricos envolveu, como procedimentos, a observação de tipo não participativo com registro em diário de campo e em videogravação e entrevistas de tipo semiestruturado. O estudo teve, como lócus, um Centro Municipal de Educação Infantil de Natal, RN e, como sujeitos, um grupo de 19 crianças com um e dois anos de idade entre os anos de 2015 e 2016 - inicialmente como Berçário II e, em 2016, como turma de Nível I – e as profissionais responsáveis pelo grupo nos dois anos – três professoras e quatro estagiárias. A análise dos dados realizada mediante o entrecruzamento dos registros produzidos com o aporte teóricometodológico nos possibilitou constatar que as crianças bem pequenas – dentro de seus limites e (im)possibilidades – vivenciam interações e brincadeiras no contexto das instituições em diferentes condições e modos, que organizamos a partir dos “modos como elas participam” das situações: Interações: 1. Interações por iniciativa da(s) professora(s); 2. Interações por iniciativa das crianças; Brincadeiras: 1. A brincadeira por iniciativa das crianças sem a permissão dos adultos; 2. A brincadeira por iniciativa das crianças com a permissão dos adultos; 3. A brincadeira por iniciativa das crianças propiciada pelos adultos; 4. A brincadeira por iniciativa dos adultos e assumida pelas crianças. Nosso estudo possibilitou construir uma resposta à nossa questão de partida e corroborar nosso pressuposto: as crianças bem pequenas vivenciam, cotidianamente, em condições diversas, por vezes adversas, interações e brincadeiras, em situações das quais participam em posições diferentes no movimento das relações. Observamos que as interações são sempre mediadas por linguagem, ao mesmo tempo que são mediadoras da constituição de “linguagens”. As crianças bem pequenas (inter)agem com/sobre as outras e com/sobre os adultos por meio, tanto da oralidade – ainda que em produções bem iniciais – como por olhares, expressões, gestos, movimentos, choros, entre outras manifestações que assumem o caráter de meio de comunicação. Nessas situações, destacamos o restrito papel das professoras como parceiras e mediadoras nas (inter)ações das crianças. Quanto à vivência de brincadeira, registramos que, tanto a frequência, quanto a significação das situações vivenciadas revelam a ausência de mediação intencional das professoras. Esses resultados revelam um distanciamento entre o discurso produzido – em teorizações e orientações pedagógicas, inclusive oficiais, que delas se desdobram – e as práticas desenvolvidas; e apontam para a necessidade de investimento permanente na formação de profissionais que atuam com crianças, em especial as bem pequenas, por suas necessidades específicas de maior intervenção-assistência, bem como de reestruturação de práticas de instituições de Educação Infantil, considerando sua finalidade social, na perspectiva do (re)conhecimento do lugar das interações e da brincadeira na constituição das crianças como sujeitos, e do papel essencial dos profissionais como mediadores das condições a serem propiciadas às crianças para que possam ter uma educação de qualidade a que têm direito. |