A aventura do estranhamento em Palomar, de Ítalo Calvino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Isabel Camila Alves da
Orientador(a): Gonçalves, Marta Aparecida Garcia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31654
Resumo: Este estudo tem como objetivo analisar as relações entre homem e espaço da cidade presentes no romance Palomar (1983), última obra de ficção do escritor Italo Calvino (1923-1985), sob a perspectiva do estranhamento, procurando investigar, também, como o autor utiliza conceitos e aspectos do romance de aventura num romance moderno. Através das explorações do senhor Palomar, temos o confronto entre indivíduo e metrópole que, na aparente banalidade de seu cotidiano, proporciona imagens exóticas que dependem de interpretações diferentes do que parece já estabelecido. Além disso, temos na obra o impulso para o desbravamento, o que nos leva a pensar nela como elaboração aventuresca. Nesse sentido, a partir de uma análise imanentista, observaremos como a percepção particular do personagem senhor Palomar caminha para um sentido universal a partir do estranhamento, com a criação de um segundo olhar sobre o que já é conhecido; ele desautomatiza o significado banal de objetos, seres e espaços, redefinindo-os. Para isso, observação e descrição são pontos-chave da narrativa, no trabalho calviniano de discutir a linguagem através da criação de uma poética singular. As perspectivas teóricas que permeiam nosso estudo são, principalmente, a obra ensaística de Calvino (1990; 2009; 2010; 2015) - publicada em jornais e resultado de conferências -, sobretudo no que tange à linguagem, ao conceito de aventura discutido pelo autor, ao deslocamento e à percepção do estrangeiro; as abordagens de estranhamento feitas por Chklovsky (1917) e Friedrich (1978); e o pensamento sobre a cidade a partir das concepções de Baudelaire (2006) e Certeau (1998). Como resultados, chegamos à conclusão de que Palomar é uma obra significativa para Calvino ficcionista e ensaísta. Tanto o pensamento acerca do romance de aventura quanto a cidade como proposta fundamental de sua obra estão presentes em seus ensaios e transformam-se em material para forma e conteúdo de sua escrita literária. Assim, Palomar encerra a produção do autor reunindo num personagem moderno, de forma mais contundente e expressiva, temas como o estrangeiro, o deslocamento, a cidade e a sensação do estranhamento (de leitor e personagens), sempre pensados e discutidos por Calvino.