Vulnerabilização em saúde ambiental: o caso da instalação do complexo automotivo no território de Goiana, Pernambuco, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Araújo, Isabelle Maria Mendes de
Orientador(a): Oliveira, Ângelo Giuseppe Roncalli da Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26524
Resumo: Esta pesquisa foi concebida a partir da reflexão sobre a abordagem integrada da Saúde Coletiva e da questão ambiental, considerando o cenário da chegada de empreendimentos industriais globais no contexto local brasileiro, fenômeno relacionado à reestrutura produtiva do capital, com evidência para o setor automotivo. O objetivo geral do estudo consistiu em analisar a vulnerabilização em saúde ambiental decorrente da instalação do complexo automotivo da FCA/Jeep no município de Goiana, Pernambuco, especialmente sobre a reserva extrativista Acaú-Goiana, com ênfase sobre a situação sanitária, econômica, político-social, cultural e ambiental do território. Em específico, nos implicamos em discutir a questão ambiental no campo da saúde coletiva em articulação teórica-conceitual com o campo da ecologia política; em compreender o perfil sociossanitário de Goiana/PE no pré e pós instalação do polo automotivo, bem como os impactos sobre os recursos hídricos do território e as consequências para saúde humana; em construir uma matriz explicativa a partir do framework FPSEEA, com sistematização de indicadores para o monitoramento dos impactos/efeitos à saúde da população local e ao ambiente; além de analisar a percepção das comunidades extrativistas tradicionais (Resex Goiana) sobre as dimensões dos processos de vulnerabilização desencadeadas pela construção do polo, utilizando as categorias da reprodução social (reprodução ecológica, biocomunal, comunal-cultural, societal-econômica e política). Trata-se, portanto, de um estudo de caso do tipo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado in loco com presença de observador participante. Nosso percurso metodológico abarcou coleta de dados com triangulação de técnicas (dados primários e secundários): diário de campo, entrevista, sistematização de sistemas de informação/pesquisa documental. Os dados foram analisados mediante a utilização de dois modelos teóricos-metodológicos, a saber, o modelo de produção de indicadores em saúde ambiental proposto pela OMS (Força Motriz-Pressão-SituaçãoExposição-Efeito-Ação) e a matriz da reprodução social e saúde proposta por Samaja. Observou-se que o perfil sociossanitário de Goiana não melhorou após a instalação do complexo automotivo, houve agudização de agravos e doenças relacionados ao trabalho diante do novo cenário produtivo, aumento de vítimas de violência; expropriação da natureza, erosão, aumento de consumo energético e hídrico; também houve afetações no cenário cultural da cidade, como a retirada de feriados dos padroeiros, especulação imobiliária, gentrificação, migração populacional e exploração do trabalho. Nesse sentido, concluímos que o estudo sobre a vulnerabilização em saúde ambiental possibilita a compreensão dos agravamentos nos contextos locais, da natureza, das relações sociais e da vida singular e comunitária, resultantes das iniquidades e injustiças deflagradas pelo poder do Capital e do Estado em detrimento dos grupos sociais historicamente destituídos e dos sistemas socioecológicos.