Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Almeida, Ana Kelly de |
Orientador(a): |
Sousa, Maria Bernardete Cordeiro de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/30133
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Resumo: |
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) se caracteriza essencialmente pelo desenvolvimento de sintomas clínicos de natureza psicológica, fisiológica e comportamental após a exposição a um ou mais eventos traumáticos que podem variar entre os diferentes indivíduos, apresentando diferentes combinações de padrões sintomáticos incluídos nos critérios diagnósticos da doença no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV). O estresse fisiológico é a forma pela qual o organismo responde aos eventos traumáticos, os quais têm se tornado cada vez mais comuns com a crescente violência dos centros urbanos, sendo demonstrado pela frequente ocorrência de assaltos ou roubos seguidos de morte, levando ao desencadeamento do TEPT, com agravo no impacto na saúde mental. Atualmente, evidências a partir de estudos sobre a neurobiologia do TEPT demonstraram sistemas neurais particularmente envolvidos na sua fisiopatologia e diferentes tipos de abordagens para tratamento. Como por exemplo, abordagens e métodos terapêuticos de natureza somática, entre elas o método SE™ – Somatic Experiencing® (Experiência Somática), centradas na melhora dos sintomas de estresse crônico e estresse pós-traumático. Nesse contexto, os objetivos deste estudo envolvem 3 aspectos relacionados ao TEPT: (1) Investigar o estado da arte no uso de terapias somáticas, particularmente do método da SETM, aplicadas ao tratamento do TEPT; (2) Avaliar o efeito do SETM em homens vítimas de assalto na cidade de Natal, medicados e não medicados, com diagnóstico clínico de TEPT; (3) Validar um questionário para triagem de TEPT construído com base no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5). No primeiro estudo foi realizada uma revisão de literatura sobre abordagens somáticas demonstrando que técnicas e métodos como Ioga, Mindfulness, Brainspotting e SETM apresentaram resultados positivos na redução dos sintomas do TEPT com atendimentos individuais, em grupo e de casais. No entanto, apesar da eficácia desses tratamentos, constatou-se uma baixa produção acadêmica, particularmente da SETM, com pesquisas apenas em cenários internacionais e na sua maioria desenvolvidas com indivíduos do sexo masculino. No segundo estudo foi utilizada uma amostra composta por 23 participantes, sendo que seis faziam uso (grupo GM) e 17 não faziam de medicação (grupo GS) para o TEPT, para investigar a eficácia do tratamento usando o método SETM. Os resultados evidenciaram uma diminuição significativa dos sintomas do TEPT nas escalas psicométricas, sendo observado também aumento significativo nos escores de afeto positivo e percepção do bem estar e, esta última avaliada 3 meses após a terapia. O método se mostrou eficaz tanto para o GM quanto para o GS, sendo que os graus leve e moderado do TEPT foram os mais beneficiados. Não houve diferenças significativas quando foi considerada a classificação do TEPT em agudo e crônico. Ambos os grupos apresentaram respostas discretas em relação ao cortisol. Por outro lado, o DHEA apresentou uma diminuição significativa, sugerindo um papel neuroprotetor, além de associar-se positivamente com a PCR antes do tratamento, onde ambos marcadores encontravam-se aumentados. Pode ser sugerido que a eficácia do SETM foi significativa uma vez que tanto pacientes medicados como não medicados se beneficiaram igualmente. Logo, o uso do SETM mostrou-se como tratamento complementar que pode ser melhor utilizado por profissionais que trabalham com o TEPT. O estudo 3 teve como objetivo validar um instrumento baseado no DSM-5 para triagem e verificação de sintomas do TEPT. A escala proposta, foi construída com 41 itens e respondida por 408 participantes (254 mulheres e 154 homens), resultando em quatro fatores empíricos, agrupando itens de diferentes critérios sintomáticos do TEPT. A análise fatorial exploratória, abrangendo a análise das cargas fatoriais, indicou um construto unidimensional na escala. Os quatro fatores (Hiperestimulação, Dificuldades de cognição e humor, Intrusão e Evitação) apresentaram valores de consistência interna calculadas pelo teste Alfa de Cronbach iguais a 0,94, 0,83, 0,94 e 0,70, respectivamente. As médias obtidas a partir dos quatro fatores dos grupos de sujeitos diagnosticados (n = 152) e não diagnosticados com TEPT (n = 249) foi significativamente diferente (p= 0,000). Nesse sentido, foi possível demonstrar uma correlação fortemente significativa entre os fatores e a pontuação da Escala de Impacto de Evento. Esse estudo acrescenta resultados dentro de um campo de pesquisa relativamente novo e emergente a partir de um cenário onde predominam estudos estruturais e funcionais de neuroimagem, bem como de modelos neurobiológicos do trauma e do TEPT com base em redes neurais. |