Florações de macroalgas e seus efeitos sobre a pesca e macrofauna em uma região neotropical

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gonçalves, Carolina Teixeira Puppin
Orientador(a): Freire, Fúlvio Aurélio de Morais
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31972
Resumo: As macroalgas exercem importantes funções ecossistêmicas que as fazem ser essenciais à aos ecossistemas aquáticos: contribuem para a produtividade primária, geram ambientes complexos para abrigo de espécies, são base alimentar de diversos organismos, fornecem superfície de assentamento para animais e atuam na ciclagem de nutrientes. Alterações ambientais relacionadas às atividades antrópicas vêm causando o enriquecimento dos corpos hídricos por nutrientes, promovendo a eutrofização dos ecossistemas. Ambientes eutrofizados favorecem a proliferação maciça de algas, um evento conhecido por florações. As florações podem causar impactos a partir da depleção de oxigênio e liberação de toxinas. Nesta tese, buscamos avaliar os efeitos causados pelas florações de macroalgas, abrangendo os aspectos ambientais, sociais e econômicos. No primeiro capítulo, avaliamos as florações de Ulva lactuca em um estuário hipersalino do litoral semiárido a partir da avaliação da abundância de macroalgas e variáveis físico-químicas. Pudemos verificar que as macroalgas exibem maior abundância durante períodos de seca, estabelecendo maiores concentrações à montante do estuário. O período seco é compatível com menor hidrodinamismo dos corpos hídricos, menor turbidez e maior concentração de nutrientes, fatores que favorecem o desenvolvimento algal. No segundo capítulo, objetivamos avaliar a concentração de metais nos tecidos de U. lactuca e associá-la a possíveis usos para as biomassas algais. As macroalgas concentraram metais acima dos limites permitidos por lei para aproveitamentos associados à alimentação humana e animal e adubação, mas se adequam para reusos voltados para biomanipulação e biocombustíveis. No terceiro capítulo, procuramos melhor entender os impactos das florações de U. lactuca sobre a pesca a partir do conhecimento ecológico local dos pescadores. Nossos resultados indicam que as florações ocorrem principalmente durante o período seco nas regiões estuarianas. A atividade de pesca foi impactada negativamente quando relacionada a apetrechos de rede, e os peixes foram os pescados mais impactados. Por fim, no quarto capítulo, avaliamos os impactos das macroalgas sobre os invertebrados bentônicos da pesca de arrasto artesanal em duas zonas microclimáticas distintas: zona tropical e zona seca. A zona seca exibiu biomassa algal superior à zona tropical. A última exibiu maior produtividade de camarões. Os índices de diversidade dos camarões se relacionaram negativamente com a riqueza de algas, indicando que os bancos algais em geral são evitados pelas espécies. A densidade da macrofauna bentônica, por outro lado, exibiu relação positiva com a biomassa de macroalgas. Entretanto, ao se avaliar as relações por espécie, as influências se mostraram positivas e negativas a depender da dieta e habitat dos organismos.