Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Alves, Joatã Soares Coelho |
Orientador(a): |
Bendassolli, Pedro Fernando |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/44886
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Resumo: |
As pessoas transgêneras (também chamadas pessoas trans), aquelas que não se identificam com o gênero a elas socialmente atribuído em seu nascimento em razão de seu sexo biológico, são o grupo mais marginalizado, violentado e excluído em dentre a população LGBTIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Intersexuais, Assexuais e outras designações). No mundo do trabalho, esse grupo enfrenta a negação do acesso ao mercado formal e a inserção compulsória na prostituição e em subempregos. Mesmo diante da exclusão enfrentada no mundo do trabalho, há indicativos na literatura de que o trabalho pode ser percebido como fonte de autonomia, inclusão social, direitos sociais e de reafirmação identitária. Diante dessa diversidade de percepções e representações, o objetivo desta pesquisa foi o de investigar o processo de significação do trabalho nas vivências de pessoas trans. Do ponto de vista teórico-metodológico, investigamos os significados do trabalho a partir da perspectiva histórico-cultural de base semiótica, empregando entrevistas em profundidade com foco nas histórias de vida e de trabalho das/os 5 (cinco) protagonistas entrevistada/os como parte do estudo, sendo 2 (duas) mulheres trans, 2 (dois) homens trans e 1 (uma) pessoa não-binária. Primeiro, foi realizado um mapeamento semiótico do processo de significação do trabalho nas trajetórias das/os protagonistas. Os resultados dessa primeira etapa de análise apontaram que, numa perspectiva cultural, o trabalho foi significado simultaneamente como fonte de exclusão e interdições (notadamente na informalidade), e, diante da expectativa de inserção na formalidade, como via de inclusão e garantia de direitos. Do ponto de vista pessoal, as principais significações foram, primeiro, a do trabalho como uma via de proteção contra as violações e interdições enfrentadas pelas pessoas transgêneras em nossa sociedade. Em segundo lugar, vieram significados pessoais que compreendem o trabalho como fonte de reconhecimento, distinção identitária e validação social. A seguir, foi realizada uma caracterização semiótica de significação do trabalho nas vivências das pessoas trans, a partir das convergências e tendências identificadas entre as trajetórias investigadas. Nessa caracterização, destacaram-se: a) o impacto da vivência de situações de transfobia em contextos familiares, sociais e laborais como determinantes para a inserção precoce das pessoas trans no mundo do trabalho; b) as experiências concretas, as expectativas e anseios das pessoas trans quanto à inserção em diferentes arranjos de trabalho como elementos mediadores para a construção de significados, e c) diferentes funções semióticas desempenhadas pelos significados do trabalho nas vidas das pessoas trans, principalmente as de promover adaptação diante das dificuldades enfrentadas e amenizar os seus os impactos subjetivos nas trajetórias. Por fim, foram identificados núcleos temáticos de significação que compareceram de maneira transversal nas trajetórias analisadas. Esses núcleos foram então discutidos a partir da literatura sobre o trabalho da população trans, e de determinantes sociais, econômicos e culturais, especialmente à luz das reflexões propostas pela Psicologia do Trabalho, pela Psicologia Histórico-Cultural de base semiótica e pelo Transfeminismo brasileiro. Buscou-se, com o aprofundamento da compreensão dos significados produzidos pelas pessoas trans sobre o trabalho, oferecer contribuições acadêmicas sobre a temática e subsídios que possam contribuir com políticas e ações afirmativas voltadas a esse grupo, especialmente no tocante à inclusão social pelo trabalho. |