Vernaculares: a casa de fazenda seridoense do século XIX como exemplo de adaptação ao clima semiárido

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Borges, Ariane Magda
Orientador(a): Nascimento, José Clewton do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21171
Resumo: As habitações rurais das fazendas de criar da microrregião do Seridó potiguar, construídas no século XIX, tornam-se referência pelo seu caráter vernacular, isto é, estas edificações, além de terem reconhecida relevância para a identidade da região, são adaptadas às condicionantes do lugar nos mais diversos aspectos (econômicos, culturais, construtivos, físicos, etc.), e consistem em espaços de proteção em relação às características hostis do clima semiárido. Levando em consideração a premissa supracitada, surge o seguinte questionamento: Que características das casas de fazendas de criar do século XIX do Seridó potiguar são preponderantes para que sejam espaços de proteção em relação ao clima semiárido? No intuito de responder à indagação, a presente pesquisa tem por objetivo identificar quais as particularidades das casas de fazenda do Seridó que contribuem para adaptabilidade destas edificações ao clima semiárido, como ambientes de proteção; e contribuir para ações de valorização do patrimônio arquitetônico em questão. Para tanto, foram adotados procedimentos divididos em duas etapas. Primeiro foram identificadas as características recorrentes nas edificações estudadas por meio de um estudo tipológico realizado a partir dos inventários existentes (DINIZ, 2008; FEIJÓ, 2002; IPHAN, 2012). Para a definição do tipo trabalhou-se com o conceito que mescla a tipologia analítica de Durand que identifica as semelhanças e diferenças para classificar edificações, tendo o caráter de levantamento histórico e de documentação arquitetônica, com a definição proposta por Argan (1963) de que a tipologia não é definida a priori, mas na dedução a partir de uma série de casos ilustrativos que tenham analogia formal e funcional entre si. Em seguida, trabalhou-se com uma amostra de cinco tipos diferentes entre si, definidos pela possibilidade de acesso ao interior das casas, proximidade a outros exemplares, bom estado de conservação e preservação. As fazendas contempladas foram: Pitombeiras, Agenus e Garrotes, no município de Acari; e no município de Caicó, Palma e Penedo. A segunda etapa consistiu no levantamento arquitetônico, registro fotográfico, modelagem tridimensional digital (visando a ampliação da documentação e registro existente); e no monitoramento térmico ao longo de aproximadamente um dia representativo em cinco casas de fazenda, relacionando o desempenho térmico das casas com suas características individuais. As variáveis escolhidas para análise do monitoramento se baseiam no modelo de conforto térmico adaptativo (SPAGNOLO e DE DEAR, 2003 apud NEGREIROS, 2010). As características das casas foram analisadas conforme o atendimento às estratégias de condicionamento térmico passivo recomendadas pela Norma NBR 15220 (ABNT, 2005), para a zona bioclimática 7 onde se inserem os municípios de Caicó e Acari. A análise das temperaturas operativas das casas revelou que durante mais de 90% das horas do dia os ambientes encontram-se dentro da faixa de conforto. Tendo sido o desempenho térmico melhor nas casas de fazenda que tiveram maior grau de atendimento às estratégias bioclimáticas recomendadas. Nos ambientes (normalmente a cozinha e cômodos de pés-direitos baixos, expostos à radiação Oeste) que ainda apresentaram horas de desconforto, o conforto térmico pode ser alcançado com movimentação de ar de aproximadamente 1,0 m/s.