O trabalhador offshore terceirizado e suas condições de trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira, Nathalia Hanany Silva de
Orientador(a): Valença, Cecilia Nogueira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - FACISA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27053
Resumo: A saúde do trabalhador busca compreender as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença. A partir disso, há a necessidade de compreender melhor o trabalho e suas condições. O trabalho, na indústria petrolífera offshore, é desenhado por condições adversas, a saber: o perigo, a complexidade, o caráter contínuo e a dimensão coletiva. Este segmento de trabalho possui uma boa quantidade de mão de obra terceirizada, a qual é caracterizada por múltiplas formas de trabalho precário. Diante dessa conjuntura, o presente estudo tem como objetivo analisar as memórias coletivas presentes em narrativas de trabalhadores offshore terceirizados sobre suas condições e organizações de trabalho. Trata-se de um estudo de caso, com abordagem qualitativa, desenvolvido em Paracuru-CE. A amostra foi composta por 13 profissionais de uma empresa de terceirização de serviços de manutenção, no setor petrolífero offshore. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada. Os dados dos questionários sociodemográficos foram tabulados em planilha do software Microsoft Office Excel e analisados mediante a análise estatística descritiva. Para as entrevistas, foi utilizado o auxílio do software IRAMUTEQ, e a análise valeu-se da análise de conteúdo de Bardin. Os resultados demonstram que, na visão dos entrevistados, o trabalho offshore é regido e fiscalizado por diversas normas. Contudo, apresenta ainda um alto risco para acidentes, o que gera tensão em seus trabalhadores. As condições de trabalho precisam melhorar já que, mesmo sendo uma queixa antiga, ainda há relatos de falta de material e ferramentas, algumas vezes tendo que agir em desconformidade com a normas técnicas para não paralisar a produção. No processo de trabalho, há o chamamento para atendimentos a demandas de trabalho no horário de descanso em virtude de os profissionais trabalharem em regime de sobreaviso. O social, na plataforma, é regado por relações de diferenciação entre o chefe (efetivos da estatal) e os terceirizados e, embora não relatado por todos os entrevistados, percebe-se que alguns se sentem afetados e constrangidos. Nas horas livre, na plataforma, é comum assistir à televisão. Alguns dos entrevistados relaram praticar atividade física embora não haja incentivo à prática e a academia seja pequena e sucateada para a demanda. Nestes horários, também há interação entre os colegas de trabalho, com muitas conversas, brincadeiras e descontração. Eles destacam que, com os colegas, há uma relação de família. A relação dos trabalhadores offshore com seus familiares, os quais ficam em terra, é marcada por desencontros e ausências em momentos sociais importantes, além da dificuldade de comunicação existente nos dias em que estão embarcados, minimizada pelas redes sociais para os que têm acesso à internet. No período de realização deste estudo, nem todos os profissionais tinham a chave de acesso à internet, cujo compartilhamento não é permitido. Fica evidente a necessidade de haver maiores e melhores investimentos em pesquisas e políticas que venham a intervir e promover a saúde dos profissionais offshore terceirizados, de modo a modificar a realidade posta e valorizá-los, não só por eles contribuírem significativamente para o rendimento de bilhões às empresas e aos cofres públicos, mas principalmente pela dignidade da pessoa humana.