O gênero questionário de pesquisa do (no) IBGE: produção, usos e implicações

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Costa, Maria Aparecida da
• Orientador(a): Paz, Ana Maria de Oliveira
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
• Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Questionário de pesquisa; Gênero sociocatalisador; Sistema de gêneros e de atividades; PNADC/IBGE
• Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32741

Investiga-se, nesta tese doutoral, o gênero questionário de pesquisa e suas implicações sociais aventadas no circuito de trabalho de servidores públicos da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especificamente, a análise concentra-se nos questionários da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), produzidos pelo IBGE para as edições de 2011 e 2017. Quanto à PNADC, trata-se de um importante inquérito probabilístico, cuja base de informações advém das narrativas orais fornecidas pela população brasileira, figurando o questionário como um gênero de relevância face à discussão e à formulação de políticas públicas circunscritas aos temas do inquérito. Por sua vinculação à Linguística Aplicada, área que problematiza as questões de linguagem em uso nos múltiplos contextos da atividade humana (MOITA LOPES, 2006; 2011), este estudo emerge, ainda, como uma proposta de ampliação das práticas de letramento do domínio censitário (COSTA, 2016). Em atendimento às orientações da etnopesquisa crítica com abordagem de dados qualitativa, o corpus foi constituído mediante pesquisa documental, visando à coleta de gêneros de texto do domínio investigado, além da realização de entrevistas semiestruturadas e a aplicação remota de questionários a servidores do IBGE. Para a fundamentação teóricoconceitual de gêneros, recorre aos postulados de Bakhtin (2011 [1992]) e de autores filiados à Sociorretórica, notadamente Bazerman (2005; 2015a; 2015b), Miller (2012 [1984]) e Bhatia (2001 [1997]). Sobre os estudos interessados na produção escrita de questionários de pesquisa, apoia-se nas discussões de Vieira (2009), Dörnyei (2003) e Gil (2008), entre outros. As análises evidenciam que os questionários da PNADC: (i) embora operem sob a responsabilidade enunciativa de escritores do campo da Estatística, são textos produzidos colaborativamente, devido a seu amplo arcabouço temático, demandante de saberes especializados que apontam para uma ontologia própria; (ii) assumem características de um gênero sociocatalisador e circulam em outros domínios discursivos pela ação dos Técnicos e dos Agentes, que atuam no convencimento do público informante e na retextualização de conceitos institucionais; e (iii) desencadeiam a produção e posterior circulação de outros textos que gravitam em torno dos questionários, viabilizando, nesse contexto, um sistema de gêneros marcado por formas padronizadas de organização profissional envolvendo atividades e pessoas. Dos aspectos conclusivos mais relevantes, destaca-se a necessidade de reelaboração do capítulo dos questionários que versa sobre a caracterização dos moradores pesquisados na amostra, bem como pensar na destinação do excesso de informações que têm sido recorrentemente acordadas pelo gênero, mas desconsideradas para fins de registro institucional.