Resumo: |
Esta pesquisa tem o objetivo de compreender como ocorre a construção da docência de professores que atuam com o Ensino de Piano em Grupo (EPG) em cursos de Licenciatura em Música do Nordeste do Brasil. Trata-se de um estudo multicasos (Yin, 2001; Triviños, 1987) com quatro professores que utilizou o questionário auto aplicado e a entrevista semiestruturada como instrumentos de coleta de dados. O trabalho traz uma revisão de literatura das pesquisas brasileiras que abordam o EPG no Ensino Superior, resultando em um quadro organizado por categorias. Inspirada na Teoria Fundamentada, a compreensão teórica acerca da construção da docência dos sujeitos estudados foi construída após e a partir da análise e interpretação das narrativas. Os dados me levaram a abarcar os estudos sobre saberes da docência através de trabalhos como Tardif (2012), Shulman (2015) e Gauthier (1998) e de uma revisão com artigos que tratam dos saberes na educação musical. A partir dessas referências e das discussões levantadas pelos sujeitos acerca da docência superior em música, elaborei a ideia de construção da docência de que trato neste trabalho. O mapeamento realizado encontrou 22 instituições públicas de Ensino Superior, das quais 19 oferecem uma ou mais disciplinas no formato de EPG. Com base na análise das entrevistas, elaborei a ideia de construção da docência em EPG como a construção de uma casa que se inicia desde as primeiras experiências musicais e, a partir da primeira prática docente dentro da modalidade, inicia-se um processo de reforma onde novos saberes como gerenciamento do tempo e a compreensão das especificidades da modalidade adentram a estrutura anterior, deslocando-se alguns elementos, modificando e renovando outros. Essa reforma não corresponde à casa toda, uma vez que o ensino de piano em grupo é apenas uma das faces dentro da profissionalidade caleidoscópica do professor universitário. A partir da consolidação dessa prática, emerge uma faceta da atividade profissional desse professor universitário, com um “fazer” e um “ser” próprios. |
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