A juventude que ousa lutar: os sentidos subjetivos da participação política de jovens do MST no Coletivo Nacional de Juventude

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Rafael Silva dos
Orientador(a): Leite, Jader Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51157
Resumo: A juventude do MST passou a construir instância organizativa em 2005 com a criação do Coletivo Nacional de Juventude através das marchas, encontros e seminários onde a participação de jovens era massiva. O coletivo foi constituído através dos movimentos sociais e sindicais rurais brasileiros e internacionais organizados na Via Campesina. Os contextos rurais constituem subjetividades expressas nas bandeiras de luta do movimento, explicitadas nas palavras de ordem “Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular”. Objetivamos analisar os sentidos subjetivos da participação política de jovens atuantes no Coletivo Nacional de Juventude do MST, especificamente: a) identificar os efeitos da participação política no cotidiano da juventude do coletivo; b) compreender os sentidos subjetivos que jovens do Coletivo Nacional de Juventude atribuem à sua participação política; e c) descrever as estratégias de enfrentamento empregadas em cada espaço de atuação da juventude frente aos desafios presentes em seus contextos socioculturais. Buscamos traçar um percurso metodológico ancorado na abordagem histórico-cultural em interface com a Teoria da Subjetividade de inspiração construtivo-interpretativa e a Pesquisa Militante. Participaram da pesquisa três jovens com idade de 21, 23 e 27 anos, sendo dois homens e uma mulher, todos negros e indicadas/os por dirigentes nacionais do coletivo. Como instrumentos utilizamos um formulário sociodemográfico e a técnica Fotovoz, utilizada como recurso autofotográfico na qual a/o participante observou sua realidade, a interpretou e articulou em forma de fotografia como resposta a três perguntas geradoras: O que me levou a lutar? Quais desafios enfrento no meu cotidiano? Como é ser jovem de luta no MST? Após o envio das fotos foram marcadas reuniões individuais para a realização de conversas para explicação das interpretações pessoais sobre cada fotografia, resultando em um procedimento dialógico aberto que proporcionou uma conversação híbrida, partindo de novas indagações que emergiam no diálogo e também de um guia semiestruturado de perguntas auxiliares. Foi realizada uma análise categorial, para identificar a relevância dos acontecimentos relatados para os processos subjetivos da/dos participantes e os objetivos do estudo. As/Os jovens sentem que a participação política não se dissocia da noção que têm de si mesmas/os, se constituem subjetivamente como jovens militantes, agregando os princípios e valores construídos pelo movimento que compõem seus sentidos subjetivos. A mudança para os acampamentos com as famílias, participação em encontros dos Sem Terrinha, marchas, reuniões e o contato com outras pessoas na mesma situação foram cruciais para o desenvolvimento de suas subjetividades. O cotidiano da juventude é atrelado às dinâmicas da militância, do trabalho rural, universidade e formações promovidas pelo movimento. Apresentam desafios e contradições internas, como a dificuldade de mobilizar a categoria e o êxodo rural. Ao mesmo tempo consideram que a amizade e vínculos afetivos podem ser potentes para o trabalho de mobilização da juventude. A construção de sentidos subjetivos sobre ser jovem Sem Terra está voltada a prática das tarefas do coletivo e do movimento como um todo, demonstrando que ser é fazer. É perceptível um sentimento de “dívida” com as gerações anteriores, no que tange a dar continuidade às suas lutas. Ao mesmo tempo, os jovens constroem novos caminhos para o movimento a partir de uma participação política ativa nas diversas instâncias organizativas. Acreditam que a participação política no Coletivo Nacional de Juventude pode favorecer o desenvolvimento pessoal e ser compreendido como um ciclo formativo que influencia as trajetórias de vida da/dos seus militantes por proporcionar vivências em diversos espaço de atuação política do MST.