Avaliação do potencial anti-inflamatório do óleo de rã-touro puro e microemulsionado em modelo experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Davim, André Luiz Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM MEDICAMENTOS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/23521
Resumo: Atualmente os custos no tratamento de pacientes com doenças inflamatórias que progridem de forma sistêmica, com destaque para a sepse, são muito elevados e representa a maior causa de morte em unidades de terapia intensiva, não cardiológica, em todo o mundo. No Brasil, a incidência de pacientes com sepse é cada vez mais frequente. Apesar dos avanços farmacológicos, tecnológicos e cirúrgicos, a mortalidade por sepse e/ou doenças associadas continua alta em todo o mundo, e por isso se busca alternativas terapêuticas de fácil acesso e baixo custo para conter o avanço dessa doença. Os produtos naturais vêm desempenhando importante papel na indústria farmacêutica, pois algumas dessas substâncias agem de forma benéfica sobre o sistema imunológico humano. Nos últimos tempos, há uma crescente investigação das possíveis propriedades biológicas e terapêuticas atribuídas ao óleo de rã-touro, pois esse óleo vem sendo utilizado de forma indiscriminada pela população no tratamento de diversas doenças como bronquite, asma, líquem escleroso, furunculose, cisto sebáceo e para cicatrização de pele e mucosas. Porém as possíveis consequências no consumo excessivo desse óleo são, o aumento da produção de eicosanoides derivados do ácido araquidônico proinflamatório e a deficiência na regulação hepática, predispondo à esteatose podendo progredir para inflamação hepática e fibrose. Muitas hipóteses se baseiam na atuação dos compostos presentes no óleo de rã-touro na modulação da resposta inflamatória, impedindo assim a instalação de injúrias teciduais. Dessa forma, a microemulsão apresenta-se como uma possível alternativa para um novo sistema de liberação de fármacos, com o intuito de diminuir a incidência de hepatoxicidade e protegendo o organismo contra instalação de lesões teciduais em função do quadro séptico. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial anti-inflamatório do óleo de rã-touro puro e em um sistema microemulsionado em modelo experimental. Neste estudo, foi preparado e caracterizado um sistema microemulsionado (WIV) e, aplicado em ensaios biológicos a fim de avaliar o potencial antiinflamatório do óleo puro e em microemulsão. Foram utilizados o modelo de sepse, induzida pela técnica da CLP (cecal ligant puncture), e a lesão muscular induzida pela formalina. Os ensaios foram realizados em modelos murinos, onde os animais foram separados aleatoriamente em grupos e tratados com o óleo de rã-touro puro e em microemulsão, através da técnica de gavage para posterior avaliação do potencial hepatotóxico e anti-inflamatório. Para a análise do potencial antiinflamatório em modelo de sepse, foram realizadas lavagens bronco alveolares com posterior contagem de células inflamatórias e análises histopatológicas do tecido pulmonar. Para a análise no modelo de lesão muscular, foi avaliado extensão horizontal da pata dos animais, bem como feita a análise histopatológica do tecido muscular. Para a análise do potencial hepatotóxico das substâncias, foram avaliados a taxa de sobrevida dos animais pós-sepse e as análises histopatológicas dos tecidos hepáticos dos animais. Quando avaliado a toxicidade do óleo de rã-touro puro e em sistema microemulsionado, foi observado que no grupo em que foi administrado a microemulsão (ME), o fígado teve a arquitetura preservada, mas com sinais clínicos de esteatose hepática, diferentemente do grupo óleo de rã-touro puro (OR), que apresentou múltiplos focos de necrose hepatocítica acompanhado de infiltrado de polimorfonucleares. Esses achados evidenciam um quadro de esteatohepatite, ou seja, um estágio mais avançado e um precursor do carcinoma hepático. Quando avaliada a sobrevida dos animais, foi observado que no grupo ME a taxa foi significativamente maior quando comparado ao grupo OR. Quando avaliado o potencial antiinflamatório da ME e OR em modelo de sepse, foi observado em ambos os grupos potencial de modulação da resposta inflamatória, visto a capacidade de reduzir de forma significativa (P0.01) a migração de leucócitos para os pulmões após a indução da sepse. Quando analisado a histologia dos tecidos pulmonares dos animais dos dois grupos, foi verificado intenso desgaste nos animais do grupo OR quando comparados com o grupo ME, onde evidenciou-se pouco comprometimento tecidual. No ensaio de lesão muscular, foi observado que o grupo ME e OR apresentaram bom potencial antiedematogênico até a segunda hora da indução da lesão, quando comparados ao grupo controle (P0.01), mas não sendo observado diferenças significativas entre os dois grupos até a vigésima quarta hora pós-lesão. Nas análises histológicas foram observadas maior desgaste no tecido muscular do grupo OR, com intensa presença de infiltrado celular (edema) e comprometimento de fibras musculares, não sendo observado a mesma intensidade de injúria no grupo ME. Assim, conclui-se que o óleo de rã-touro puro e em sistema microemulsionado apresentam bom potencial anti-inflamatório nos modelos avaliados, embora o óleo puro tenha apresentado alto potencial hepatotóxico, caracterizando que este em um sistema microemulsionado, se mostra com um possível novo sistema de liberação de fármacos (NSLF).