O mecanismo de priming effect como mediador dos efeitos de interações não-aditivas entre detritos florais e foliares na decomposição

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Alencar, Mery Ingrid Guimarães de
Orientador(a): Silva, Adriano Caliman Ferreira da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/29510
Resumo: A interação entre detritos com diferentes qualidades pode gerar efeitos não-aditivos na decomposição, fenômeno denominado priming effect (PE). Apesar do crescente entendimento sobre a relevância global do PE para a decomposição nos ecossistemas, generalizações dos seus efeitos oriundos da interação entre detritos de diferentes órgãos vegetais são concentrados em detritos foliares e rizosfera. Entretanto, se e como o mecanismo de priming effect ocorre na interação entre detritos foliares e florais é algo ainda não evidente na literatura. Comparativamente às folhas, flores costumam ser órgãos de menor longevidade e portanto, tende a possuir maior concentração de nutrientes do que o detrito foliar. Tal diferença na qualidade nutricional entre os dois tipos de detritos deve se manifestar tanto a nível intraespecífico quanto interespecífico. Desta forma, essa dissertação aborda, em dois capítulos, a importância relativa de efeitos de detritos florais e foliares na ocorrência, magnitude e direção do priming effect. No primeiro capítulo, buscamos entender os efeitos do priming effect a nível intraespecífico. Para isso conduzimos ensaios experimentais com misturas entre detritos florais e foliares, para 30 espécies com ampla distribuição filogenética. A interação entre os detritos gerou efeitos nãoaditivos para a maioria dos tratamentos, com interações sinérgicas e recíprocas (i.e. efeitos não-aditivos manifestado em ambos os tipos de detrito) em 53% das espécies. No segundo capítulo avaliamos o efeito relativo da variação intra e interespecífica e suas interações na magnitude do priming effect. Para isso utilizamos uma abordagem experimental com detritos florais e foliares de três espécies decompondo isoladamente e juntas em todos os pares de combinações possíveis tanto intra como interespecífica. Detritos florais apresentaram maiores concentrações de nutrientes e retenção de umidade o que são importantes atributos para a decomposição, o que resultou em maiores taxas de decomposição comparado aos detritos foliares. As diferenças funcionais entre os tipos de detrito geraram efeitos sinérgicos na decomposição, para a maioria dos tratamentos com interação entre flores e folhas. Com maior magnitude ocorrendo em interações interespecíficas quando comparada as interações intraespecíficas. Apesar da ampla ocorrência de efeitos não-aditivos, não encontramos relação da magnitude do PE com a dissimilaridade funcional entre detritos foliares e florais tanto intra como interespecificamente. Os resultados indicam que o mecanismo de priming effect é um importante mediador de efeitos não-aditivos na interação entre detritos florais e foliares, tanto a nível intraespecífico quanto interespecífico. Estes resultados são particularmente interessantes pois alertam para a importância biogeoquímica da decomposição de detritos florais, tanto diretamente (i.e. através da própria decomposição), quanto indiretamente (i.e. através da mediação da decomposição do detrito foliar). Desta forma, espécies vegetais que investem largamente na produção de flores podem atuar como um hotspot biogeoquímico no tocante a ciclagem de nutrientes em ecossistemas terrestres.