Discursos no trabalho análogo à escravidão: um estudo de caso de trabalhadores resgatados na cadeia produtiva da carnaúba/RN

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Martins, Alessandra Silva de Oliveira
Orientador(a): Falcão, Jorge Tarcisio da Rocha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/50942
Resumo: O presente trabalho buscou contribuir para a compreensão dos discursos do contexto de atividade de trabalho análogo à escravidão (TAE) de trabalhadores resgatados da cadeia produtiva da carnaúba no Rio Grande do Norte (Brasil), assim como, para estudos no campo da Psicologia do Trabalho. Tal esforço interpretativo buscou apoio nos aportes teóricos da psicologia histórico-cultural, clínicas do trabalho e diálogos com a tradição francófona de análise de discurso, e se desdobrou em três estudos: 1) Gênese e caracterização do TAE; 2) Binômio liberdade-servidão e resistências ao TAE; 3) Narrativas (auto)biográficas dos resgatados do TAE. Em termos de método a presente pesquisa se filia a uma abordagem qualitativa-interpretativa, fundada no procedimento do estudo de caso, utilizando técnicas de coleta, tratamento e análise do material discursivo obtido em três estudos. No estudo 1 realizou-se análise dialógica discursiva do corpus documental obtido na operação de nº 62/2018 pelo GEFM (Grupo Especial de Fiscalização Móvel), no estudo 2 foi realizada análise narrativa do corpus teóricobibliográfico e no estudo 3 análise discursiva das narrativas (auto)biográficas (AADNA) do corpus das entrevistas transcritas. Os resultados apontaram para tensões existentes entre os discursos patronal caracterizado pela prescrição, injunção e naturalização do crime de trabalho análogo ao de escravo, pouca responsabilização ético-moral e persistência do ciclo de escravização na biografia dos participantes, e o discurso fiscalizatório, marcado pela narração argumentativa, expositiva e descritiva, em que o real é exposto em seus impedimentos, verificando-se ainda, o compromisso ético-dialógico com a desnaturalização e defesa do trabalho decente, livre e sustentável (estudo 1). Discursos sustentados, ainda, por um sujeito do discurso histórico-cultural afetado em seu devir-potência-ação face às ilusões das paixões, do medo, dos afetos tristes responsáveis pela servidão (estudo 2) e por fim, narrativas (auto)biográficas perpassadas por histórias e memórias envoltas no TAE geracional e infantil, marcado por afetos tristes e de sentido dual; reforçado por discursos individualizantes de pseudoliberdade, de “parceria” com as instância de escravização, de ausência por completo de contraditório, de sujeito objetificado, descartável, coisificado, massificado, de ausência de alteridade, de agendas civilizatórias apagadas, esvaziadas. Portanto, é preciso investir no poder de agir, na autoria do sujeito, na transformação social de todos os envolvidos no combate ao TAE.