Autoria, singularidade e responsabilização na escrita de dissertações do âmbito dos estudos do discurso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pinheiro, Rebecca Cruz
Orientador(a): Campos, Sulemi Fabiano
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/58195
Resumo: Nossos estudos sobre a produção de dissertações têm nos levado à hipótese de que os trabalhos construídos nesse âmbito institucionalizado possuem como característica a oscilação entre uma escrita autoral, em que há busca por singularidade, e uma escrita de apagamento de autoria. Embora não necessariamente seja esperado desse mestrando construções autorais e singulares, percebemos que as indicações oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), juntamente aos estudos de Lakatos e Marconi (1992), apontam para a autoria. À vista disso, nos propomos a responder à questão: como o pesquisador em formação constrói sua autoria e manifesta singularidade na escrita da dissertação por meio das relações entre a sua própria voz e as vozes mobilizadas em sua pesquisa? Essa pergunta de pesquisa é base do nosso objetivo geral: analisar como o pesquisador em formação constrói sua autoria e manifesta singularidade em sua dissertação por meio da relação entre sua própria voz e as vozes mobilizadas na pesquisa. Para cumprir o objetivo geral, também elaboramos os objetivos específicos: (1) verificar como os já-ditos perpassam a escrita das dissertações e se/como as relações estabelecidas indicam apagamentos de singularidade; (2) investigar como os pesquisadores em formação se constituem como autores de seus textos e como marcam sua singularidade a partir dos indícios presentes na escrita dos trabalhos; (3) analisar como as relações teórico-metodológicas do trabalho contribuem para construção da autoria e de feitos de singularidade nos capítulos analíticos. Norteadas por esses objetivos, analisamos seis dissertações, três de mestrados acadêmicos na área da Análise do Discurso (D1, D2 e D5) e três do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) (D3, D4 e D6). Realizamos essas análises a partir de interpretações das teorias de Análise do Discurso (Pêcheux, 2014a; 2014b; 1990a; 1990b), com apoio nos pressupostos sobre autoria de Foucault (2009), Possenti (2002; 2013) e Maingueneau (2018) – com o tripé pessoa-escritor-inscritor – e da perspectiva de singularidade de Riolfi (2011), que se unem ao aspecto da responsabilização a partir de Jonas (2006), Bakhtin (1993), Lacan (1998; 2007) e Forbes (2012), além do conceito de apagamento de autoria, por meio de Pêcheux (2014a), Schneider (1990), entre outros. A partir dessas lentes teóricas, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, com viés interpretativista (Silva; Araújo, 2017), a partir do paradigma indiciário de Ginzburg (1989). As análises indicam que a construção das dissertações aponta para uma oscilação entre a necessidade de pertencer à academia, por meio da reprodução de seus modelos e autores costumeiramente citados e a necessidade de se diferenciar em meio às produções acadêmicas com uma escrita autoral, que traga soluções singulares para os problemas de pesquisa.