Resumo: |
O presente estudo visa às eleições presidenciais de primeiro e segundo turnos de 2018, mais especificamente à vitória do candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Messias Bolsonaro. Nosso objetivo mais amplo é investigar os fatores políticos e ideológicos que contribuíram para o desfecho do pleito. Nosso problema: qual o sentido político e ideológico da eleição de Jair Messias Bolsonaro, no contexto do fenômeno contemporâneo a que chamamos por onda conservadora? Para tanto, as investigações acerca de nosso objeto partem da problematização da eleição em questão, que nos conduziu a três fatores que julgamos preponderantes em nossa hipótese explicativa. Nossa hipótese é que três movimentos da realidade histórica foram determinantes no resultado da eleição objeto deste estudo: primeiro, uma crise de legitimidade das democracias liberais que vem se acentuando em todo o ocidente a partir dos anos 1970, caracterizada pela ascensão ao poder em diversos países de um novo populismo de direita, cujos desdobramentos no Brasil são condicionados e dirigidos por nossa peculiar trajetória democrática e, especificamente no caso brasileiro, os eventos de junho de 2013 foram catalisadores de um novo ideário conservador; segundo, que a polarização histórica de dois projetos concorrentes no Brasil – um melhor representado pelo PSDB, o outro pelo PT, com alternância de poder entre ambos – encontrou, marcadamente a partir de junho de 2013, limites objetivos e subjetivos para seguir reproduzindo o consenso social; por fim, a crise de legitimidade e a incapacidade de solucionar os problemas percebidos pela sociedade – de onde decorreu um declínio dos principais partidos tradicionais da direita brasileira – permitiu a ascensão ao centro das disputas hegemônicas de um novo conservadorismo que teve no bolsonarismo sua principal força aglutinadora, produzindo um pacto ultraliberal e conservador que levou Bolsonaro à vitória. |
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