O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e as representações sociais do saber pedagógico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Brilhante, Philipe Olímpio
Orientador(a): Melo, Elda Silva do Nascimento
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/30076
Resumo: Assentada no tripé “ensino, pesquisa e extensão”, conforme coloca a Constituição Federal em seu artigo 207, a universidade brasileira detém um papel estratégico para o desenvolvimento nacional, na medida em que forma quadros profissionais qualificados e produz conhecimento. No entanto, inúmeros problemas se colocam no cenário da educação superior brasileira. Um desses problemas refere-se ao ensino. Sabemos que os docentes quando ingressam no ensino superior brasileiro trazem graves deficiências em sua formação pedagógica, uma vez que o pré-requisito para a docência universitária é compreendido como uma preparação e não como uma formação. Sobre isso, a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 66, dispõe que, “a preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente, em programas de mestrado ou doutorado”. Assim, a LDB afirma que a formação pedagógica é dispensável em detrimento da preparação específica. Para tentar sanar as deficiências da formação do professor universitário, algumas universidades criaram programas e projetos de formação continuada. Na UFRN, por exemplo, temos o Programa de Atualização Pedagógica (PAP). Contudo, apesar dos esforços institucionais, os desafios da docência no ensino superior na UFRN ainda permanecem, cabendo uma reflexão mais acurada. Para compreender essas insuficiências na formação do docente do ensino superior, investigamos neste trabalho as representações sociais do saber pedagógico para os docentes da UFRN que participaram do PAP ao longo de dois encontros ocorridos no ano de 2019, de modo a compreender quais os referenciais simbólicos mobilizados para a docência e quais suas lacunas no tocante a formação didática. Utilizamos como aporte teórico-metodológico a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici (2011; 2012) e para a apreensão dos dados a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP). Os dados apreendidos foram organizados na forma da Espiral de Sentidos, desenvolvida por Elda Melo (2019), conforme a Abordagem Estrural de Jean-Claude Abric (1998). Para a análise dos materiais utilizamos, além da Teoria das Representações Sociais, a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011), que nos permitiu inferir as informações contidas na TALP e interpretar as dimensões semânticas das palavras evocadas. Os dados de nossa pesquisa demonstram que os professores da UFRN participantes do PAP representam o saber pedagógico a partir de uma distinção delimitada entre os saberes específicos de sua formação e os saberes próprios ao campo da pedagogia. Esta distinção reflete uma concepção “naturalizada” dos saberes pedagógicos, revelando uma formação pedagógica insuficiente e produzindo, no âmbito psicossocial, um sentido antitético entre esses dois saberes, caracterizando-se como um thêmata. O saber pedagógico é representado pelo grupo de professores como um recurso instrumental que pode, uma vez utilizado, tornar eficiente a transmissão do conhecimento, implicando em uma visão tradicional de docência. A falta de uma diretriz clara sobre a formação do professor universitário enseja a necessidade de, no âmbito da pós-graduação e da formação continuada, uma ressignificação da cultura formativa no sentido de oferecer, de maneira mais sólida, os referenciais pedagógicos necessários ao docente do ensino superior, com vistas a superar essa antinomia entre saber pedagógico e saber específico, e incorporar o conhecimento didático como parte integrante de sua formação profissional e não apenas como um apêndice instrumental dispensável.