Efeito neuroprotetor do óleo essencial da Lippia alba sobre a neuropatia causada por constrição do nervo ciático de ratos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Daniele Oliveira
Orientador(a): Nascimento Júnior, Expedito Silva do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/33219
Resumo: As lesões dos nervos periféricos constituem um problema de saúde pública. Os déficits motores, sensoriais, autonômicos e o desenvolvimento de Dor Neuropática (DN), decorrentes das lesões dos nervos periféricos, podem comprometer a qualidade de vida dos pacientes. Após a lesão nervosa ocorre estresse oxidativo e liberação de citocinas inflamatórias e mediadores alogênicos que induzem a DN. A ocorrência destes problemas instiga a busca na natureza por compostos para a manipulação de novas drogas. A Lippia alba é uma planta medicinal cujo óleo essencial apresenta atividade biológica no Sistema Nervoso Periférico (SNP). O objetivo deste estudo é avaliar o efeito do tratamento com o óleo essencial da Lippia alba (OELa) sobre a neuropatia periférica causada pela Constrição Crônica do Nervo Ciático (CCNC) de ratos. Foram utilizados 30 ratos Rattus novergicus (Wistar), de ambos os sexos, com massa corpórea variando entre 200- 250 g. Os animais foram divididos nos grupos experimentais: Controle tratado veículo (CON), controle tratado com OELa 100 mg/Kg, v.o. (CON + OELa), grupo submetido a CCNC tratado com solução veículo (CCNC) e grupo submetido a CCNC tratado com OELa 100 mg/Kg (CCNC + OELa). O tratamento via oral, foi administrado 30 minutos antes da realização da CCNC no nervo ciático direito do animal e durante 14 dias seguidos. Realizou-se o teste de hipersensibilidade à dor, através do teste de von Frey e placa quente, 24 horas antes da indução da CCNC (dia 0), e nos dias 5, 7, 9 e 14 após a CCNC. No 14º dia após CCNC os animais foram submetidos a eutanásia. Em seguida realizada a dissecação do nervo ciático direito e esquerdo para análise do registro extracelular do Potencial de Ação Composto (PAC). Os parâmetros avaliados do PAC foram: Amplitude Pico-a-Pico (APP), cronaxia, reobase, amplitude positiva, velocidade de condução e duração da 1ª e 2ª componentes do PAC. A análise fitoquímica do OELa identificou uma variação quantitativa de substâncias, cujo composto majoritário foi o citral (geranial com 42,59 % e neral com 28,21 %). A avaliação da sensibilidade mecânica apresentou no CON uma média de 20,87 g para o limiar de reação ao estímulo. No grupo CCNC houve um aumento da força aplicada de 72,4 %, aumentando assim o limiar de retirada da pata no 5º dia após CCNC. Entretanto, nos dias 7, 9 e 14, houve aumento significativo da reação ao estímulo com uma menor força aplicada, reduzindo em 54,65%, 59,34% e 58,8% nos dias 7, 9 e 14, respectivamente, em relação ao grupo CON, caracterizando hiperalgesia mecânica. O grupo CCNC+OELa, aumentou o limiar ao estímulo mecânico em 116,79 %, 145,4 % , 54,56 % e 62 % nos dias de avaliação 5, 7, 9 e 14, respectivamente em relação ao CON. No grupo CON+OELa também apresentou aumento em 141,2 % a partir do 5º de avaliação, mostrando maior resposta no 7º dia de avaliação, apresentando um aumento de 260 %. Não houve diferença significativa na sensibilidade do estímulo térmico em ratos submetidos à CCNC e grupo CON. No entanto, no grupo CON+OELa houve aumento de 56,25 % do limiar ao estímulo no 7º dia de avaliação, comparado ao CON. Nos demais grupos experimentais não houve diferença significativa. A CCNC provocou alterações eletrofisiológicas em todos os parâmetros avaliados. A excitabilidade do nervo ciático no grupo CCNC aumentou em 27,53 %, ao reduzir a reobase, comparado ao CON. Enquanto, o valor da cronaxia aumentou 54,89 % no grupo CCNC em relação ao CON. No grupo CCNC+OELa, a reobase aumentou em 39,5 %, em relação ao grupo CCNC, a cronaxia neste grupo não alterou. A reobase no grupo CON +OELa diferiu em 16,5 % em relação ao CON. E a APP reduziu em 54,8 % comparado ao CON. A amplitude positiva da primeira componente no grupo CCNC reduziu 52,53 % em relação ao CON. No grupo CCNC+OELa reduziu 74,59 %. O grupo CON+OELa também mostrou redução de 57 %. A segunda componente não foi registrada no grupo CCNC. Entretanto, esta foi preservada quando a CCNC foi associada ao tratamento com OELa (CCNC+OELa), apresentando diminuição da amplitude em 88,14 % em relação ao CON. O grupo CON+OELa também diminuiu amplitude da segunda componente em 34,78% em relação ao CON. Quanto à velocidade de condução do PAC, o grupo CCNC mostrou redução de 44,73 % na primeira componente do PAC, comparado ao CON. O tratamento com OELa (CCNC + OELa) reverteu esta diminuição em 102,96%, comparado ao grupo CCNC. Os demais grupos experimentais não mostraram diferença estatística. Na segunda componente do PAC, a velocidade de condução não foi alterada nos grupos CCNC+OELa e CON+OELa em comparação ao CON. A duração da primeira componente do PAC aumentou 45,21 % no grupo submetido à CCNC, em relação ao CON. Os demais grupos não apresentaram diferença significativa comparado ao CON. Quanto à duração da segunda componente do PAC, no grupo CCNC não foi possível avaliar, haja visto não registrada. Nos demais grupos experimentais não houve diferença estatística em relação ao CON. Os resultados mostraram que o tratamento com OELa nos animais submetidos a CCNC, diminuiu a hipersensibilidade da neuropatia periférica e também evidenciou um potencial efeito neuroprotetor ao preservar fibras que constituem o potencial de ação de composto. Evidenciando consonância dos dados comportamentais e eletrofisiológicos do PAC, sugerindo um efeito anestésico do OELa. Portanto, a ação neuroprotetora do OELa na redução do dano neuronal causado pela CCNC, contribui para a preservação da estrutura e função da bainha e axônios mielinizados. Os mecanismos pelos quais o OELa exerce potencial efeito neuroprotetor frente a lesão do nervo periférico ainda precisa ser elucidado. No entanto, nossos resultados representam evidências de que a suplementação oral com o OELa promove a diminuição da hipersensibilidade após lesão neuronal que apontam para uma combinação de múltiplos alvos, envolvendo componentes neuronais e imunológicos, que desencadeia efeitos na modulação da sensibilidade neuropática.