"As travas de jardim são unidas": etnografia da performance identitária das travestis em contextos rurais e interioranos do sertão potiguar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Paiva, Pietra Conceição Azevedo da Silva
Orientador(a): Schwade, Elisete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32822
Resumo: As pesquisas sobre travestilidades apresentam majoritariamente um locus urbano e metropolitano para a performance identitária das travestis, pouco conhecendo as performatizações em outros contextos, como os rurais e interioranos. Por via etnográfica, acompanhei cotidianamente, com alguns intervalos, cinco travestis entre fevereiro e setembro de 2019 em um município rural/interiorano do sertão norte-rio-grandense, buscando problematizar e compreender como elas performatizam suas identidades de gênero e constroem seus corpos e subjetividades. Para isso, refleti sobre a fluidez e descentramento destas performances identitárias no manejo dos símbolos, das formas de tratamento e dos espaços generificados; e analisei, no âmbito da alteridade, as visibilidades sociais e as sociabilidades construídas/presentes nos cotidianos observados, tendo como base os marcadores sociais da diferença de classe, deficiência, geração e raça. De um lado, compreende-se as agências e a diversidade envoltas das travestilidades, corroborando na expansão do mosaico e do caleidoscópio das travestilidades brasileiras e nordestinas, e evidenciando a heterogeneidade a partir dos marcadores diferenciados de subjetivação e de deslocamentos. Por outro, desmistifica-se o Nordeste e seus interiores [rurais] como “atrasados” e locus da moralidade conservadora e repressora, e problematiza-se a geometria dos espaços, que socioculturalmente propaga e defende a hierarquia do urbano/metropolitano “civilizado” sobre o rural/interiorano “primitivo”, alegando a recognição das cidades como lugares de trânsitos, onde os municípios urbanos ou rurais estão interligados pelos deslocamentos multilaterais, colocando em questão a essencialização e a binariedade do rural, urbano, interior e metrópole.