Muito mais que o escuro: a vivência espacial dos cegos como base para a compreensão sensível da cidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Timeni, Giordana Chaves Calado
Orientador(a): Elali, Gleice Virginia Medeiros de Azambuja
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28612
Resumo: Esta pesquisa se desenvolveu a partir de uma pergunta inicial: em que aspectos o entendimento do espaço urbano por pessoas que não dispõem do sentido da visão pode contribuir para o planejamento de uma cidade mais acessível? Como resposta preliminar a essa questão foi definida a hipótese que o reconhecimento da percepção sensível da cidade pelas pessoas cegas possibilita o entendimento de elementos menos evidentes para os demais usuários, o que permite a utilização consciente dessas informações pelos profissionais que intervém no espaço, favorecendo o desenho urbano. Conduzida por um paradigma de análise espacial fundamentado no ser humano e na relação pessoa-ambiente, a investigação analisou a percepção de pessoas cegas durante a sua movimentação pela cidade, tendo como alicerce os aspectos sociais e físicos da deficiência visual, as condições de orientação/mobilidade do corpo cego e os conceitos de ambiência urbana, experiência ambiental, affordance e wayfinding. Nesse contexto, o objetivo geral do estudo empírico foi compreender os principais elementos que compõem a percepção do espaço urbano pelas pessoas cegas e que possam subsidiar ideias favoráveis ao desenho urbano. A fim de provocar a discussão sobre estratégias multissensoriais utilizadas na compreensão do espaço urbano, evocando sentidos como o olfato, audição, tato e o paladar, a metodologia da pesquisa empírica foi desenvolvida em dois momentos: (i) visita a centros de treinamento de orientação e mobilidade; (ii) experimento planejado com participação de pessoas cegas dispostas a contribuir com a pesquisa e que apresentassem condições para mobilidade autônoma pela cidade. Essa última etapa ocorreu em um setor urbano adjacente ao Instituto de Educação e Reabilitação dos Cegos do Rio Grande do Norte, no bairro do Alecrim, Natal-RN, e incluiu entrevistas individualizadas, percurso comentado e com o uso de recursos tecnológicos, e desenho-estória. Ressaltando a percepção, cognição e memória das pessoas cegas, os resultados mostram que os sentidos como as bases do conhecimento e entendimento do espaço, constatação que reforça a sua importância no planejamento ambiental. As informações coletadas subsidiaram a confecção de uma versão inicial de mapa sensorial da área urbana escolhida. Confirmando a hipótese, a pesquisa conclui que a análise do movimento do corpo cego no espaço possibilita a definição de subsídios multissensoriais para o projeto de arquitetura e urbanismo, não apenas proporcionando mais inclusão espacial a estes indivíduos, mas maior qualidade ambiental para todas as pessoas.