Efeito térmico provocado pelo pluton ediacarano Umarizal em rochas do Grupo Seridó (RN): implicações estruturais, mineralógicas e petrofísicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Valcácio, Samir do Nascimento
Orientador(a): Souza, Zorano Sérgio de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31948
Resumo: A porção nordeste da Província Borborema (PB), no nordeste do Brasil, caracteriza-se por um volumoso magmatismo Ediacarano intrusivo no embasamento gnáissicomigmatítico paleoproterozoico (Complexo Caicó) e em rochas metassupracrustais neoproterozoicas (Grupo Seridó). Neste contexto, o pluton Umarizal, foco deste trabalho, é classificado dentre os tipos magmáticos ediacaranos como Suíte Alcalina Charnoquítica (AlcCh). O objetivo principal desta pesquisa é a reavaliação de interpretações prévias através da aquisição de novos dados de campo e geoquímicos, reavaliação do mecanismo de alojamento, datação do evento plutônico e sua eventual cronocorrelação com o metamorfismo de contato nas unidades encaixantes, e o modelamento termal do resfriamento do magma. Os resultados obtidos permitiram compreender aspectos evolutivos da suíte magmática, composta por três fácies petrográficas distintas, sendo as fácies Umarizal e Ação restritas ao pluton Umarizal e a fácies Lagoa encontrada como intrusões menores no pluton Tourão e corpos satélites. De forma geral, a Suíte AlcCh é formada por quartzo sienitos e quartzo monzonito e seus equivalentes charnoquíticos. Em termos estruturais, o pluton principal está alojado entre as zonas de cisalhamento transcorrentes Portalegre (ZCPa) e Frutuoso Gomes (ZCFG), de direções NE-SW e NWSE, respectivamente. Critérios cinemáticos sugerem que estes cisalhamentos tiveram movimentações sucessivas, iniciando com rejeito transcorrente sinistrogiro (ZCPa) e extensional (ZCFG) durante a colocação magmática, finalizando com transcorrência dextrogira (ZCPa) e empurrão (ZCFG). A colocação do magma Umarizal produziu uma auréola termal de até 2 km de largura em rochas encaixantes da Formação Jucurutu, com associações metamórficas do tipo Buchan, registradas em andaluzita + sillimanita em paragnaisse, escapolita em gnaisse calciossilicático e flogopita em mármore. Uma idade U-Pb em zircão de 583 ± 1,8 Ma, obtida em zircões de um neossoma, é similar, dentro da faixa de erro, às idades U-Pb em zircão dos plutons intrusivos Tourão (589,3 ± 4.4 Ma) e Umarizal (587,2 ± 2,3 e 563,7 ± 6,2 Ma). Variações modais e litogeoquímicas configuram duas suítes para a série AlcCh, uma de provável derivação mantélica (gabro-noritos, anortositos) e outra crustal (granitos e charnoquitos), caracterizando, assim, uma associação do tipo anortosito - mangerito – rapakivi-granito – granito. Variações mineralógicas desde as fácies menos diferenciadas até as mais evoluídas sugerem condições predominantemente anidras (faialita, hiperstênio, diopsídio-hedenbergita) no início da cristalização a subsaturadas em água no final, favorecendo a formação de hornblenda e biotita. As condições iniciais do magma charnoquítico indicam controle pelo tampão faialita-magnetita-quartzo, com pressões de ~9 kbar e temperaturas na ordem de 900-1100 °C. Por outro lado, dados geotermobarométricos utilizando Al-em hornblenda permitiram calcular condições aproximadas de 4,5 ± 0,6 kbar e 755 ± 32 °C para o estágio final de cristalização e alojamento. A integração de dados mineralógicos e petrofísicos das unidades plutônicas e das rochas de contato permitiu modelar o resfriamento do magma, sendo coerente com condições de alto gradiente geotérmico (40 oC/km), pico do metamorfismo termal em 15.000 - 80.000 anos após o alojamento e estendendo-se a 2 km do contato. Considerando a existência de inúmeros outros corpos batolíticos de mesma idade nesta parte da PB, é possível que o Ediacarano tenha sido um período de extensivo aquecimento crustal sob condições de alto gradiente geotérmico, possivelmente pelo calor aportado por underplating de magmas máficos (gabronoríticos).