Cartografias do desejo em asfalto selvagem - engraçadinha, seus amores e seus pecados: humor, erotismo e o pornógrafo no romance rodrigueano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Tintino Filho, Davi
Orientador(a): Sousa, Ilza Matias de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem
Departamento: Linguística Aplicada; Literatura Comparada
País: BR
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/16287
Resumo: Trata-se nesta dissertação de estabelecer, partindo do pensamento contemporâneo francês da linha deleuziana e guattariana, sobretudo, uma analítica do desejo capaz de reconfigurar o romance de Nelson Rodrigues, Asfalto selvagem: Engraçadinha, seus amores e seus pecados, desterritorializá-lo em relação à tradição crítica e estética, fundada no paradigma realista-naturalista enraizado no pensamento literário brasileiro, especificamente no século XX. Movemo-nos por discussões sobre o autor e sobre o romance, empreendidas por Rolnik, interlocutora de Guattari, o qual está ligado aos novos paradigmas estéticos, à questão da produção de subjetividades, à micropolítica, às multiplicidades e às minorias. Buscamos contribuir para esse redimensionamento, colocando-nos na perspectiva cartográfica e rizomática para surpreender, em Asfalto, seus processos de subjetivação, incidindo sobre as singularidades selvagens, considerando os conceitos de Foucault, aplicados à construção literária enquanto espaço heterotópico, configurando a experiência do fora, como princípios estéticos. Veremos que as personagens, com foco em Engraçadinha, funcionam, como pequenas máquinas desejantes, Corpos sem Órgãos, moléculas desestabilizando as formações molares. Destarte, Nelson Rodrigues, na perspectiva da produção autoral, torna-se o pornógrafo, o literato iterador, como agenciador de uma palavra perversa, para além dos dogmas, da cena romantizada, originando, em sua poética, a revelação da obs-cena, a obscenidade, como crítica às instituições falidas. Trazemos, nesse sentido, referências de Bataille, quanto ao que na atividade estética se relaciona com o excedente da visão, relacionados ao espaço tático-ótico, concepção deleuziana referentes ao corpo-linguagem, pornografia, pornógrafo, narrativas abomináveis. Acompanhamo-nos, pois, dos conceitos da problemática da diferença e da alteridade, repercutindo na larvaridade, nas afecções, que abrem vias comunicantes com fenômenos extremos, atuantes em torno do mesmo e do outro, trazendo a rizomaticidade do mal e da monstruosidade para a construção estética de Asfalto selvagem, vistos sob a ótica de Bataille, Deleuze, Baudrillard, em ensaios que rompem o olhar estrutural em torno da obra e oferecem subsídios para a construção de uma cartografia outra, o território do ficcional, habitado por um povo por vir, na perspectiva tratada por Deleuze e por Blanchot