“Geografia do silêncio”: topofilias e topofobias de pessoas surdas - Natal/RN

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Dias, Patrícia dos Santos
Orientador(a): Dantas, Eugenia Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Geografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55157
Resumo: Ao observar o espectro de estudos geográficos que abrangem a análise da cidade brasileira, fica evidenciada a ausência de estudos sobre os espaços das minorias,incluindo os Surdos. Nos últimos anos, os Surdos usuários da Língua brasileira de Sinais (Libras), têm se organizado e se fortalecido socialmente através de políticas de acessibilidade e inclusão presentes em debates locais, nacionais e internacionais. Eles estão mobilizados por seus direitos e têm reivindicado seu direito de viver na cidade,através de manifestações presenciais e virtuais. Diferente do passado, em que a surdez era vista como uma deficiência incapacitante, cada vez mais tem havido uma mudança de perspectiva, que se concentra nas barreiras que impedem ou dificultam a vida desses indivíduos na cidade. Nesta tese, a compreensão da deficiência é deslocada do indivíduo para a cidade, que é vista como um espaço deficiente para atender às necessidades dos Surdos em suas múltiplas dimensões. Buscou-se compreender como esses sujeitos vivenciam os espaços urbanos em Natal/RN, as características dos espaços com sinalização em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e dos lugares mais frequentados ou não por eles, a fim de discutir as deficiências citadinas e os sentimentos dos Surdos em relação a esses lugares, de forma relacional. Para isso, a tese se baseou na teoria de Topofilia e Topofobia de Yi-Fu Tuan (1980-2012), ancorada nas vivências cotidianas dos sujeitos Surdos, suas conexões, desconexões, recusas e expansões. Observou-se os movimentos de dentro para fora e de fora para dentro, experimentados pelos Surdos na ambiência urbana, configurando uma Geografia matizada em lugares criados e recriados no jogo ambivalente da seleção, tensão, hegemonia, heterogeneidade, mobilidade,circulação, comunicação e tecnificação espacial. A tese foi estruturada a partir de observações, entrevista em profundidade, Lives, pesquisa de campo e outras fontes secundárias que dialogaram com o referencial teórico construído durante a pandemia da COVID-19. As narrativas de vivência dos Surdos revelaram insatisfação com relação a diferentes espaços públicos e privados, revelando a complexidade existencial vivida pelas pessoas Surdas na cidade de Natal, desafiando concepções limitadas e ampliando a compreensão geográfica. A pesquisa aponta as estratégias que as pessoas Surdas desenvolvem para enfrentar as dificuldades, a partir da escolha de espaços mais acessíveis do ponto de vista linguístico e cultural. Como conclusão, os resultados da pesquisa destacam a importância da acessibilidade comunicacional como um fator essencial para assegurar a plena participação e integração dos Surdos na sociedade,assim como destacam a importância da implementação de outras ações coordenadas e de políticas efetivas para superar as barreiras enfrentadas pelas pessoas Surdas em Natal. Para tanto, é imprescindível que haja participação ativa da Comunidade Surda, afim de assegurar que suas vozes sejam ouvidas e suas necessidades devidamente atendidas. Ao se concretizar as sugestões propostas ao final da pesquisa, pavimenta-se um caminho para construir uma cidade acessível do ponto de vista da comunicação, onde todos os indivíduos, independentemente de suas habilidades auditivas, possam desfrutar plenamente dos espaços e serviços oferecidos na cidade.