Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Almeida, Raissa Nóbrega de |
Orientador(a): |
Coelho, Nicole Leite Galvão |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26993
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Resumo: |
A Depressão Maior (DM) atinge cerca de 300 milhões de pessoas de todas as faixas etárias, totalizando 5% da população mundial. Projeções americanas propõem uma incidência cumulativa de DM de 13,6% entre os homens e 36,1% entre as mulheres, jovens. Além disso, cerca de 30% dos pacientes não respondem ao tratamento. Recentemente, um ensaio clínico, mostrou que a ayahuasca, um chá psicodélico de origem amazônica, induziu rápidos efeitos antidepressivos em pacientes com DM resistente ao tratamento. Uma resposta clínica foi observada 24 horas após a sua administração, com efeitos estatisticamente diferente do placebo 7 dias após a dose. Especula-se que esta ação antidepressiva esteja relacionada ao aumento dos níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF: Brain-Derived Neurotrophic Factor), polipeptídeo relacionado com a neurogênese e a neuroplasticidade. A fim de melhor compreender a ação antidepressiva da ayahuasca, esse estudo investigou os níveis séricos de BDNF na mesma amostra desse ensaio clínico, voluntários controles saudáveis (H= 20; M= 25) e pacientes com DM (H= 7; M= 21), antes e 48 horas (D2) após ingestão de uma dose única de ayahuasca (AYA) ou placebo (PLA), a fim de relacionar possíveis alterações do BDNF com os sintomas depressivos e o cortisol plasmático. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica do Hospital Universitário Onofre Lopes (processo nº 579.479) e registrada como ensaio clínico nº NCT02914769. Todas as coletas de sangue foram realizadas por volta das 07:00 horas da manhã a fim de reduzir variações circadianas. Antes da administração da AYA/PLA, encontramos níveis séricos de BDNF semelhantes entre os pacientes (P) e controles (C). Porém, detectamos níveis mais baixos de BDNF em um subgrupo de voluntários (P e C) que apresentavam hipocortisolemia (n= 31), com relação aqueles com eucortisolemia (n= 38). Além disso, uma correlação negativa entre o BDNF e o cortisol foi observada nos voluntários com eucortisolemia. Após o tratamento (D2) observamos maiores concentrações de BDNF nos voluntários (P e C) que ingeriram a AYA (n = 35) quando comparados ao PLA (n = 34). Além disso, apenas os pacientes tratados com AYA (n= 14), e não com PLA (n= 14), apresentaram uma correlação negativa significativa entre os níveis séricos de BDNF e os sintomas depressivos, aferidos pela Escala de Depressão de Montgomery-Asberg (MADRS). Poucos ensaios clínicos avaliaram os níveis séricos de BDNF de pacientes em resposta a tratamentos com antidepressivos e seus resultados não são conclusivos. Este é o primeiro ensaio clínico, duplo cegorandomizado placebo-controlado, a investigar a relação do BDNF e a resposta clínica em pacientes com depressão, após tratamento com um psicodélico que apresenta potencial antidepressivo. Observamos uma relação entre o BDNF e o cortisol que corrobora a literatura vigente. Além disso, os resultados sugerem uma ligação entre os efeitos antidepressivos induzidos pela ayahuasca e o BDNF sérico. Assim, esse estudo contribui com uma visão emergente do uso de drogas psicodélicas no tratamento da DM resistente a tratamento, assim como da relação entre o BDNF e o efeito antidepressivo induzido pelos fármacos para tratamento da DM. |