Feminilidades sertanejas e vidas medicalizadas: escritas de si e narrativas de mulheres no sertão seridoense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bezerra, Iasmin Sharmayne Gomes
Orientador(a): Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/52592
Resumo: Com essa pesquisa, questiono a produção do sofrimento psíquico de mulheres do sertão nordestino e como os seus corpos se relacionam com a medicalização da vida, a partir da criação de um grupo de gestão autônoma da medicação – GAM, que se intitulou como GAMMulheres. Identifico o sujeito universal de alguns feminismos, centrado na mulher eurocêntrica, branca, intelectualizada e heterossexual, como insuficiente e limitante para compreender a condição social e política de mulheres sertanejas nordestinas. A partir de questões como essas, objetivo discutir os modos de subjetivação de mulheres sertanejas em sofrimento psíquico e medicalizadas, na cidade de Currais Novos - RN. Como objetivos específicos pretendo: (a) identificar quais os efeitos, sentidos e percepções da medicalização na vida das mulheres em uma cidade do sertão nordestino; (b) discutir como as questões de raça, classe gênero e território compõem o sofrimento psíquico de mulheres sertanejas; (c) discutir a experiência de mulheres sertanejas com trabalhos afetivos e sexuais, à exemplo do trabalho materno e doméstico, e (d) identificar como essas experiências se relacionam ao seu sofrimento psíquico. Este estudo se constitui como uma cartografia tecida por meio de narrativas das mulheres. Defendo a escrita corporificada e encarnada de mulheres, como um modo de superarmos o academicismo sustentado pela escrita de homens brancos, elitizados e eurocêntricos, na tentativa de afirmar um conhecimento científico que se baseia pela ética e pela experiência de saberes situados historicamente. (Haraway, 2009; Collins, 2019). As participantes desta cartografia foram mulheres de diferentes raças, classes, gerações, sexualidades e territórios distintos da cidade na qual a experiência aconteceu. A análise das narrativas de si das mulheres foi concluída, com base na proposta metodológica de Butler (2015) e Rago (2013), construídas por meio de diários cartográficos e das gravações em áudio, que ficaram como arquivos dos encontros do grupo GAM-Mulheres. Os resultados analisados discutem: 1) quem são as mulheres medicalizadas no sertão seridoense; 2) os efeitos biopolíticos do uso de psicofármacos nos corpos e nas vidas das mulheres; 3) como as experiências com o trabalho doméstico, o papel materno e o casamento, pautados em valores coloniais, patriarcais e machistas, contribuem para o processo de sofrimento psíquico dessas mulheres.