Medicamentos potecialmente inapropriados para idosos: da seleção à prescrição na atenção primária à saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Farias, Andrezza Duarte
Orientador(a): Freitas, Cláudia Helena Soares de Morais
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/37382
Resumo: O envelhecimento populacional é uma realidade crescente e os idosos apresentam a necessidade de utilização de medicamentos, muitas vezes expondo-os a riscos. Os medicamentos potencialmente inapropriados (MPI) para idosos são aqueles em que os riscos superam os benefícios. Os medicamentos essenciais devem atender as necessidades prioritárias de saúde de uma população e a prescrição de medicamentos é considerada um dos aspectos determinantes para o uso. O objetivo do estudo foi analisar os medicamentos potencialmente inapropriados para idosos, desde a seleção de medicamentos essenciais à prescrição na Atenção Primária à Saúde (APS). Foi realizado um estudo descritivo e analítico com abordagem qualitativa e quantitativa, de março a dezembro de 2019, na APS em Campina Grande, PB. A pesquisa foi desenvolvida através da triangulação de métodos: 1) pesquisa documental, que analisou os medicamentos das Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME nas edições 2010 e 2020 de acordo com as listas AGS/Beers e as Listas de Medicamentos Essenciais (LME) da Organização Mundial de Saúde vigentes à época; 2) estudo transversal, realizado através de entrevistas com 458 idosos usuários de 71 unidades básicas de saúde. As variáveis independentes abrangeram características demográficas e socioeconômicas, condição de saúde e utilização de medicamentos e a variável dependente foi o medicamento prescrito ser classificado como inapropriado pelo Consenso Brasileiro de Medicamentos Potencialmente Inapropriado. Foi feita análise descritiva dos dados e regressão de Poisson; e, 3) estudo de caso, realizado através de entrevistas com 10 prescritores da APS para conhecer a percepção desses profissionais sobre a prática prescritiva para idosos. Foram prescritos 1449 medicamentos e 244 MPI (16,8%), dos quais 91,6% e 70,5% estavam elencados na RENAME, respectivamente. A maioria dos MPI atuavam no Sistema Nervoso Central (54,4%) e trato alimentar e metabolismo (20,1%). Entre os principais MPI, observou-se ausência de alternativas terapêuticas mais seguras disponíveis na RENAME. No estudo transversal, identificou-se uma prevalência de prescrição de pelo menos um MPI em 44,8% (IC95% 40,2-49,3) dos idosos. No modelo ajustado, depressão (RP=2,01; IC95% 1,59-2,55), utilizar outros medicamentos além dos prescritos (RP=1,36; IC95% 1,08-1,72) e polifarmácia (RP=1,80; IC95% 1,40-2,33) permaneceram como fator associado ao uso de MPI e autorreferir ser portador de hipertensão arterial sistêmica tornou-se fator de proteção (RP=0,65; IC95% 0,49-0,87). Na análise qualitativa, emergiram duas categorias: 1) Abordagem dos prescritores no atendimento aos idosos na APS; e, 2) Uso de medicamentos por idosos: o olhar dos prescritores. Os médicos relataram promover atividades de prevenção, porém enfatizaram o tratamento das doenças crônicas prevalentes entre idosos. Também destacaram a polifarmácia e consideraram inadequada a utilização de benzodiazepínicos. Constatou-se desconhecimento dos médicos sobre as listas de medicamentos inapropriados. A medicalização dos idosos e a disponibilidade de medicamentos essenciais foram descritos como desafios. O estudo identificou uma alta ocorrência de prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos na Atenção Primária à Saúde em conformidade com a lista nacional de medicamentos essenciais e escassez de alternativas terapêuticas mais seguras para idosos. Evidencia-se necessidade de ações que busquem qualificar o acesso a medicamentos por idosos como a elaboração de uma lista de medicamentos específica ou a inserção de alternativas terapêuticas mais seguras para idosos na RENAME, juntamente com a capacitação dos profissionais prescritores e o acompanhamento dos idosos. Diante do envelhecimento da população brasileira, faz-se pertinente garantir acesso a medicamentos aliado à segurança dos idosos.