Vulnerabilidade no Seridó Potiguar: diferenciais de gênero no mercado de trabalho, nos benefícios assistenciais e na composição da renda diante do enfrentamento climático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lopes, Kaline Stephania Costa
Orientador(a): Myrrha, Luana Junqueira Dias
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DEMOGRAFIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28166
Resumo: Ao longo do tempo as mulheres se inserem cada vez mais no mercado de trabalho, porém as desigualdades e discriminação entre os gêneros persistem, mesmo em regiões desenvolvidas ou em desenvolvimento. A discriminação afeta a vida delas através do acesso ao mercado de trabalho, ocupações e rendimento, deixando-as em condições de vulnerabilidade socioeconômica. Em regiões que apresentam enfrentamento climático, as desigualdades podem ser persistentes e até maiores. Nesse contexto, os programas de transferência de renda são importantes para diminuir a pobreza, principalmente em domicílios chefiados por mulheres. No Brasil, a região que mais sofre com a vulnerabilidade climática é o Nordeste, caracterizado pelo clima semiárido, onde encontrase o Seridó Potiguar – situado no estado do Rio Grande do Norte/RN – área de análise desta dissertação. Portanto, o objetivo principal é analisar os diferenciais de gênero no mercado de trabalho, na fonte e nos valores da renda dos residentes no Seridó Potiguar. Foram realizadas análises descritivas, tendo como principal fonte de dados o survey/entrevistas realizadas entre 31 de janeiro até 23 de fevereiro de 2017, em domicílios urbanos, totalizando 1.064 visitas. Nos resultados constatou-se que o Seridó Potiguar segue a mesma estrutura de ocupações e rendimentos do país, onde as mulheres inserem-se em postos de trabalho menos valorizados e recebem menores salários. Uma diferença significativa entre os gêneros, que supera a média nacional, foi identificada no acesso ao mercado de trabalho, dado que apenas 38,20% das mulheres com 14 anos ou mais de idade estavam ocupadas na semana de referência, ao passo que entre os homens esse percentual foi de 62,52% no Seridó. Consequentemente, 61,80% das mulheres apresentam maior vulnerabilidade social por não estar trabalhado e, por isso, são as que mais necessitam de programas assistenciais. Com relação ao rendimento advindo do trabalho, em que pese a superioridade da renda masculina em relação à feminina, o contraste é menor no Seridó Potiguar quando comparado ao da média nacional, sendo justificado pelos tipos de ocupações existentes na região que não requerem muitas qualificações, diminuindo o ‘gap’ entre os gêneros. Nessa região, os homens permanecem nas ocupações ligadas ao meio produtivo e as mulheres em atividades reprodutivas. Portanto, os resultados confirmam a hipótese de que no contexto de baixo desenvolvimento econômico, social e de vulnerabilidade climática, como a seca, os diferenciais de acesso ao mercado de trabalho, de rendimento, ocupações e formalização, entre os gêneros, são relevantes, com destaque para o acesso ao mercado de trabalho, o ponto de partida que impossibilita a aferição de rendimentos laborais. Quanto ao abastecimento de água, pelas variáveis disponíveis na pesquisa, não se verificou diferenças significativas no acesso à água por tipos de arranjos domiciliares. Contudo, de acordo com as percepções em campo, nos domicílios com maior vulnerabilidade econômica, a compra de água, em termos de volume, bem como a capacidade de armazenamento é bastante limitada. Como os domicílios chefiados por mulheres sem cônjuges são os que vivenciam a menor renda per capita dentre os demais arranjos domiciliares, pode-se inferir que esse arranjo é o mais afetado pela situação climática. Assim, conclui-se que o planejamento de políticas públicas para mitigar os efeitos da seca na vida dos residentes na região do Seridó Potiguar é essencial diante do enfrentamento climático.