O discurso geográfico n'O Abolicionismo: contribuições à interpretação da formação territorial do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Araújo, Noeme Martins de
Orientador(a): Morais, Hugo Arruda de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/53037
Resumo: Esta pesquisa debruçou-se sobre o livro O Abolicionismo (2011a [1883]), do escritor nordestino Joaquim Nabuco. Na obra, o autor dedicou atenção especial ao processo de ocupação do espaço brasileiro e à produção econômica, ambos mediados pela escravidão. De forma substancial, a composição do cenário interno e externo ao O Abolicionismo deu-se concomitantemente à ausência das ciências sociais institucionalizadas no Brasil, e, inclusive, da Geografia. Tal condição deu à literatura a incumbência de narrar, descrever e interpretar a realidade do país, cujos registros resultaram em uma gama de documentos que possibilitou a construção dos discursos geográficos. Partindo dessa perspectiva, conciliamos essas observações iniciais para fazer notar a questão central da presente pesquisa: Quais são as principais contribuições geográficas da obra para a interpretação da formação territorial do Brasil? Para alcançar resultados satisfatórios, tecemos, como objetivo central, analisar as contribuições geográficas do livro à compreensão da formação territorial do Brasil. Os procedimentos metodológicos assumidos pautaram-se, principalmente, em pesquisas bibliográfica e documental. Nesse processo, ainda destacamos que a análise da obra O Abolicionismo tomou caminho interpretativo dos ‘elementos de compreensão’ apontados por Candido (2000; 2006b), os quais orientam uma minuciosa investigação em termos de autor, obra, bem como os fatores externos, também denominados extraliterários, que compreendem as condições sociais, contextuais e influências ideológicas atuantes no núcleo das ideias do escritor. Como resultado desta pesquisa, observou-se que o jurista contemplou uma visão da formação territorial do Brasil cuja estrutura foi envolvida por relações autoritárias sob o manto da escravidão. Nessa perspectiva, percebeu-se a tríade monocultura, trabalho escravo e latifúndio como o modelo que estabeleceu os aspectos sociais, econômicos e geográficos do país. Além disso, revelou-se que, na contemporaneidade, o padrão de ‘desenvolvimento’ permanece inalterado, mantendo o mesmo tripé do período colonial, o qual mantém a população, principalmente a parcela negra, em condições bastante similares àquela retratada por Joaquim Nabuco n’O Abolicionismo, em 1883.